A Azul lista eventuais oscilações nos custos de combustível, variações nas condições econômicas e instabilidades nas taxas de câmbio, entre outros fatores, como potenciais riscos à atividade da companhia, de acordo com informações contidas no prospecto preliminar da oferta de ações da empresa, protocolado nesta terça-feira, 7, na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

No documento, a Azul destaca que os custos de combustíveis responderam por 29,8% das despesas operacionais totais da empresa em 2015 e por 24,7% em 2016. A companhia ressalta que eventos resultantes de instabilidades no Oriente Médio ou outras regiões produtoras de petróleo, bem como a suspensão da produção por algum produtor relevante, podem gerar aumento substancial dos preços do insumo.

“Nossas operações de hedge poderão não ser suficientes para nos proteger de aumentos nos preços do combustível, e podemos não ser capazes de ajustar nossas tarifas de forma suficiente para nos proteger de aumentos nos preços dos combustíveis”, diz a empresa, que tem como principais fornecedores de combustível a BR Distribuidora, a Air BP Brasil e a Raízen Combustíveis – somente a BR Distribuidora é responsável pelo fornecimento de 66,1% do combustível da Azul.

O prospecto também afirma que o setor aéreo é “particularmente sensível” a mudanças nas condições econômicas e que caso ocorra uma piora na economia, tanto os resultados operacionais quanto a capacidade de obter financiamentos sofrerão impactos negativos.

Quanto ao câmbio, a empresa avalia que instabilidades podem ter efeitos adversos na economia brasileira, na empresa em si e no preço das ações preferenciais, incluindo na forma de ADRs. “Embora a desvalorização do real no longo prazo seja geralmente relacionada à taxa de inflação no Brasil, a desvalorização do real em menores períodos de tempo resultou em alterações significativas na taxa de câmbio em relação ao real, ao dólar norte-americano e a outras moedas”, diz o texto.

A Azul destaca que as receitas da companhia são denominadas em real, mas uma parte significativa das despesas operacionais, como combustível, contratos de arrendamento de aeronaves e alguns contratos de manutenção são atrelados a moeda estrangeira – em 2015, 57,5% dos custos da Azul foram denominados em moeda estrangeira, passando para 53,7% em 2016.

“Não temos garantia de que seremos capazes de nos proteger dos efeitos das flutuações do real”, afirma a empresa. Outros fatores de riscos citados pela Azul incluem as despesas com seguro, que podem aumentar em função de ataques terroristas, a dependência dos aeroportos de Viracopos (SP), Confins (MG) e Guararapes (PE) para grande parte dos negócios, a eventual incapacidade de expansão das operações nos Estados Unidos e na Europa, a sujeição às condições da aviação no Brasil, a dependência de entregas de aeronaves nos prazos estipulados, entre outros.

Entre os riscos de mercado, a Azul cita a influência do governo brasileiro sobre a economia, a incerteza econômica e a instabilidade política no País e a percepção de risco em outros mercados, entre eles, a Europa e os Estados Unidos. “Nós não temos controle sobre e não podemos prever os efeitos da saída do Reino Unido da União Europeia, nem sobre se quaisquer outros Estados-Membro decidirão ou não por sair da União Europeia no futuro”, diz a empresa, adotando um tom parecido ao comentar o processo eleitoral norte-americano: “nós não temos nenhum controle sobre e não podemos prever o efeito da administração ou das políticas de Donald Trump”.