29/05/2017 - 15:25
A sustentabilidade somente será efetiva se estiver associada ao processo de inovação das empresas. Algumas grandes companhias no mundo já começaram a perceber essa oportunidade e cada vez mais inserem os princípios de sustentabilidade como direcionadores dos seus investimentos de inovação.
Essa abordagem não é uniforme e nem tem a liderança das empresas de tecnologia, como se viu na maior conferência mundial de inovação e sustentabilidade aplicada aos negócios, a Sustainable Brands Detroit, realizada entre 22 e 25 de maio, na cidade que já foi o berço da indústria norte-americana e hoje vive uma busca por reinvenção.
Ainda temos a maior parte das grandes companhias focadas na redução dos impactos negativos da sua atividade. Nesse grupo, não estão apenas aquelas reconhecidas por utilizarem intensamente recursos naturais, como mineração, óleo & gás, agricultura, entre outras. É curioso ver também marcas high tech como Google e Apple começando a apresentar suas iniciativas de gestão socioambiental. Nesse terreno, elas se parecem como todo e qualquer gigante industrial.
A consultoria internacional GlobeScan pesquisa há 20 anos quais são as empresas líderes em sustentabilidade na percepção dos especialistas de todo o mundo. O resultado do Sustainability Leaders 2017, que teve a participação de 1035 especialistas de 79 países foi apresentado em Detroit.
A Unilever segue líder em percepção de sustentabilidade, posição que mantém desde 2011. Em segundo, está a Patagonia, com metade da pontuação da Unilever, mas com o dobro do reconhecimento da terceira colocada, a Interface, que é a única presente entre os líderes desde o início da consulta. Aparecem a seguir empresas como Ikea, Tesla, Natura, Marks & Spencer e Nestlé. Aliás, há apenas uma região no mundo em que a Unilever não lidera, a América Latina, território de dominação da Natura.
O traço comum entre essas empresas, de trajetórias, segmentos e geografias variadas, é que todas inserem os elementos de sustentabilidade como foi condutor dos seus modelos de negócio ou da evolução deles.
Há dez anos, as companhias apontadas pelos especialistas eram Interface, GE, Toyota, BP, Walmart e Novo Nordisk. Foram reconhecidas por inserir o entendimento de sustentabilidade daquela época à gestão, criando mensuração do impacto negativo, programas de mitigação, mas ainda numa visão muito distante da estratégia do negócio.
O tempo mudou e a abordagem dos líderes atuais também. Por que a Interface, lendária empresa de carpetes criada por Ray Anderson, consegue resistir ao tempo? Porque colocou para si uma meta extremamente ambiciosa: não gerar impacto negativo por meio de sua atividade produtiva até 2020 (estratégia Mission Zero).
Isso exige mudança de modelo mental e, sobretudo, muito investimento em novas tecnologias. Afinal, serão elas que transformarão os impactantes processos produtivos atuais. Novamente a pergunta: por que fazer isso? A Interface declaradamente quer revolucionar a indústria. Dar o exemplo de que é possível recolocar a indústria em um patamar de genuína contribuição para o futuro que queremos.
Assim como a Interface, todas essas empresas hoje percebidas como líderes desafiam-se a ter um propósito que provoque transformação positiva no mundo por meio de sua própria atividade produtiva. Não é um processo pronto, é imperfeito e está em evolução. Portanto, vamos encontrar em todas contradições a serem resolvidas ou superadas. Mas é assim que os líderes agem: assumindo riscos e entendendo que devem puxa a fila pelo exemplo.
Na próxima semana, vamos explorar o que faz da Unilever o grande fenômeno de protagonismo em sustentabilidade em todo o planeta