07/02/2017 - 10:16
O Itaú Unibanco espera que sua carteira de crédito no critério consolidado fique estável ou cresça até 4% neste ano, conforme as projeções (guidance) de desempenho divulgadas em relatório que acompanha suas demonstrações financeiras. Já considerando o resultado apenas no Brasil, a expectativa do banco é de queda de 2% ou aumento de até 2% nos empréstimos. Em 2016, o Itaú atingiu os seus guidances de desempenho, com exceção da carteira de crédito. No consolidado, a expectativa da instituição era de retração de 10,5% a 5,5%. Entretanto, a queda foi maior e chegou a 11,0%. No critério Brasil, a redução de 9,8% veio em linha com o intervalo projetado, de declínio de 11,0% a 6,0%. Para a margem financeira com clientes, ex-impairment, o Itaú espera redução de 4,0% a 0,5% no consolidado e de 5,0% a 1,5% no critério Brasil. No ano passado, o banco projetava para sua margem financeira com clientes queda de até 2,5% ou alta de até 0,5%. A linha teve retração de 2,5%, no teto do intervalo estimado, impactada pelo impairment (valor recuperável de ativos) de títulos no valor de R$ 1,9 bilhão feito no ano passado, sendo R$ 1,255 bilhão no quarto trimestre. “Desconsiderando-se o efeito de impairment, o crescimento da margem financeira com clientes seria de 0,3% no consolidado e de 3,0% no Brasil”, acrescenta o banco, em relatório que acompanha suas demonstrações financeiras. O Itaú espera que o resultado de despesas com provisões para devedores duvidosos, as chamadas PDDs, e impairment fique entre R$ 14,5 bilhões e R$ 17,0 bilhões em 2017 no consolidado e entre R$ 12,5 bilhões e R$ 15,0 bilhões no critério Brasil. Em 2016, o resultado de créditos de liquidação duvidosa ficou em R$ 22,4 bilhões no consolidado, em linha com o intervalo projetado de R$ 23,0 bilhões e R$ 26,0 bilhões. No Brasil, foi a R$ 20,2 bilhões, também em linha com a faixa estimada, de R$ 21,0 bilhões a R$ 24,0 bilhões. As receitas de prestação de serviços e resultado de seguros do Itaú devem crescer de 0,5% a 4,5% no consolidado e de 0,0% a 4,0% no Brasil. No ano passado, esses ganhos foram 4,9% maiores no consolidado, em linha com a projeção de alta de 4,0% a 7,0%. No critério Brasil, as receitas de serviços e seguros aumentaram 5,9%, também em linha com o guidance, de aumento de 4,5% a 7,5%. Por fim, as despesas não decorrentes de juros do Itaú Unibanco devem subir de 1,5% a 4,5% no consolidado e de 3,0% a 6,0% no Brasil este ano. Em 2016, esses gastos subiram 4,9%, em linha com ambos os guidances. Inadimplência A inadimplência total do Itaú Unibanco, considerando atrasos acima de 90 dias, foi a 3,4% no quarto trimestre de 2016, redução de 0,5 ponto porcentual em relação ao indicador do terceiro trimestre, de 3,9%. Em um ano, quando o índice estava em 3,2%, porém, cresceu 0,2 p.p. Já o índice de inadimplência Brasil atingiu 4,2% em dezembro de 2016 e apresentou redução de 0,6 p.p. quando comparado com o trimestre anterior, de 4,8%. Em um ano, estava em 3,9%. O Itaú explica, em relatório que acompanha suas demonstrações financeiras, que a redução está principalmente relacionada a um grupo econômico do segmento de grandes empresas, cuja carteira de crédito foi baixada como prejuízo no quarto trimestre. Segundo a instituição, mesmo desconsiderando este caso específico em setembro de 2016, o NPL 90 total, em dezembro de 2016, teria caído 0,2 p.p. em relação ao trimestre anterior, com reduções em pessoas físicas, micro, pequenas e médias empresas e grandes empresas no Brasil. Para as operações da América Latina, o indicador de inadimplência atingiu 1,2%, mantendo-se estável em relação a setembro de 2016. O indicador de calotes de curto prazo do Itaú, que considera atrasos entre 15 e 90 dias, atingiu 2,5%, declínio de 0,4 p.p. no trimestre. No Brasil, esse indicador no segmento de pessoas físicas atingiu 3,6%, redução de 0,6 p.p. ante o trimestre anterior. Conforme o banco, foi o menor patamar dos últimos quatro anos. Em micro, pequenas e médias empresas, a inadimplência foi de 3,5%, 0,3 p.p. menor em relação a setembro de 2016, devido principalmente à redução de 8,1% dos créditos em atraso entre 15 e 90 dias nesse segmento. Em grandes empresas, a redução foi de 0,8 ponto porcentual em relação a setembro de 2016, devido principalmente à queda de 54,6% dos créditos em atraso nesse segmento. Provisões As despesas com provisões para devedores duvidosos do Itaú, as chamadas PDDs, totalizaram R$ 5,823 bilhões no quarto trimestre, redução de 5,6% em relação ao terceiro, quando somaram R$ 6,169 bilhões. Já no comparativo anual, quando ficaram em R$ 6,366 bilhões, queda de 8,5%. No ano passado, os gastos com PDDs foram a R$ 26,152 bilhões, aumento de 9,7% ante 2015, de R$ 23,844 bilhões. O Itaú encerrou dezembro com saldo de PDDs de R$ 37,431 bilhões, 4,28% menor que o de setembro, de R$ 39,103 bilhões. Em um ano, porém, quando estava em R$ 36,035 bilhões, aumentou 3,87%. Transferência O Itaú Unibanco transferiu R$ 8,0 bilhões que estavam em prejuízo no quarto trimestre de 2016 para empresa ligada ao grupo, mas sem citar nomes. A cessão, conforme o banco, não teve efeito no resultado e os créditos eram de recuperação considerada “remota” pela administração. A instituição informa ainda que vendeu ativos que também estavam em prejuízo, sem retenção de riscos, para empresas não ligadas, no montante de R$ 77 milhões, com impacto de aproximadamente R$ 6 milhões no lucro líquido e sem impacto nos indicadores de inadimplência. Além disso, no quarto trimestre, o Itaú fez a venda de ativos financeiros no Chile para empresas não ligadas, no montante de R$ 701 milhões, com impacto positivo de aproximadamente R$ 27 milhões no lucro líquido. “Essas operações estão relacionadas a carteira de crédito universitário em dia”, explica a instituição. Adicionalmente, o Itaú destaca, em relatório que acompanha suas demonstrações financeiras, que vendeu carteiras ativas sem retenção de riscos, para empresas não ligadas, no montante de R$ 1,4 bilhão. “Essa operação trouxe um impacto positivo no lucro líquido de R$ 0,7 milhão no quarto trimestre de 2016, sem impacto material em nossos indicadores de inadimplência”, acrescenta o banco. O Itaú comprou, no final de 2015, a empresa de recuperação de crédito do BTG Pactual, a Recovery para reforçar esse serviço dentro de casa. Índice de Basileia O índice de Basileia do Itaú Unibanco ficou em 19,1% ao final de dezembro, melhora de 0,1 ponto porcentual em relação a setembro, de 19,0%. Em um ano, houve aumento de 1,3 p.p. O indicador mede o quanto um banco pode emprestar sem comprometer o seu capital. Da Basileia total no quarto trimestre, o índice de capital nível 1, de melhor qualidade e que considera o principal mais o complementar, representou 15,9%, acima do 15,8% no terceiro trimestre e 14,0% em um ano. O índice de nível II foi a 3,2% ante 3,2% e 3,8%, respectivamente. O Itaú destaca, em relatório que acompanha suas demonstrações financeiras, que caso aplicasse de imediato e integralmente as regras de Basileia III estabelecidas pelo Banco Central, o índice de capital principal (Common Equity Tier I) seria de 14,0% em dezembro de 2016, considerando o pagamento adicional de juros sobre capital próprio previsto para março de 2017, a consolidação do varejo do Citi no Brasil (impacto estimado com base em informações preliminares), além do consumo do crédito tributário. O patrimônio de referência do Itaú totalizou R$ 139,477 bilhões, redução de 0,1% em relação a 30 de setembro de 2016, devido principalmente à distribuição de dividendos e juros sobre capital próprio no trimestre. Margem financeira A margem financeira gerencial do Itaú Unibanco totalizou R$ 17,322 bilhões no quarto trimestre, redução de 2,9% em um ano. No comparativo trimestral, foi vista queda de 2,2%. No consolidado de 2016, a margem foi a R$ 69,028 bilhões, retração de 2,2% em um ano. “Essa margem foi impactada por ajuste ao valor recuperável (impairment) de títulos no valor de R$ 1,255 milhões”, destaca o Itaú, em relatório que acompanha suas demonstrações financeiras. Excluindo apenas este efeito, a margem com clientes teria apresentado crescimento de 3,9% no trimestre, conforme o banco. A instituição não revela mais detalhes. No ano, o impairment de ativos chegou em R$ 1,9 bilhão. A margem financeira com clientes foi a R$ 15,329 bilhões ao final de dezembro, queda de 7,5% em um ano e de 3,9% em relação ao término de setembro. No ano, foi a R$ 62,029 bilhões, declínio de 2,5% na comparação com 2015. “A redução de 3,9% em nossa margem financeira com clientes ocorreu principalmente pelo impacto do ajuste ao valor recuperável de títulos, compensado em parte pelo efeito positivo causado pelo mix de produtos, clientes e spreads, capital de giro próprio e outros e margem financeira com clientes da América Latina”, explica o Itaú. Já a margem com o mercado, que compreende principalmente as operações de tesouraria, alcançou R$ 1,993 bilhões no quarto trimestre de 2016, incremento de 57,0% em relação ao mesmo período do ano anterior e de 14,0% em três meses. Em 2016, alcançou R$ 6,999 bilhões, elevação de 0,3% ante o exercício anterior. A taxa média anualizada da margem financeira gerencial com clientes do Itaú (Net Interest Margin – NIM) com CorpBanca, que não considera a margem financeira com o mercado, foi a 9,7% ao final de dezembro ante 10,2% em setembro. O indicador ajustado ao risco ficou em 6,6% ante 6,8%, na mesms base de comparação. Enquanto isso, a taxa média anualizada da margem financeira com operações sensíveis a spreads do Itaú, também considerando os números do banco chileno, foi a 9,6% no quarto trimestre contra 10,4% no terceiro. No conceito ajustado ao risco, foi de 6,0% ante 6,4%. Despesas não decorrentes As despesas não decorrentes de juros do Itaú Unibanco somaram R$ 11,927 bilhões, aumento de 0,2% em um ano. No comparativo trimestral caíram 3,6%. “Essa redução é explicada, principalmente, por menores despesas de pessoal, que foram impactadas por eventos extraordinários no trimestre anterior relacionados a desligamentos, processos trabalhistas e abono pago aos trabalhadores”, explica o Itaú, em relatório que acompanha suas demonstrações financeiras. De acordo com o banco, excluindo os eventos extraordinários, as despesas não decorrentes de juros teriam apresentado um crescimento de 4,5% no trimestre. As despesas de pessoal da instituição totalizaram R$ 4,886 bilhões de outubro a dezembro, incremento de 9,5% em um ano e queda de 16,7% ante os três meses anteriores. Já os gastos administrativos foram a R$ 4,287 bilhões, elevação de 1,8% e 10,8%, nesta ordem e na mesma base de comparação. O número de colaboradores do Itaú chegou a 94,779 mil ao término de dezembro, 1,205 mil a menos que em setembro. Em um ano, o banco reduziu o quadro em 3,086 mil colaboradores. A instituição contava com 5,103 mil agências e postos de atendimento, considerando Brasil e exterior no quarto trimestre, redução de 16 pontos em relação ao terceiro. Em um ano, foram encerradas 176 unidades. Em 2016, esses gastos subiram 4,9% ante 2015, totalizando R$ 44,426 bilhões, em linha com a projeção para 2016, de alta de 2,0% a 5,0% no consolidado e de 2,5% a 5,5% no Brasil. O banco espera que suas despesas não decorrentes de juros cresçam de 1,5% a 4,5% no consolidado e de 3,0% a 6,0% no Brasil este ano. Receitas de prestação de serviços As receitas de prestação de serviços do Itaú Unibanco, sem considerar as operações de seguros, totalizaram R$ 7,980 bilhões no quarto trimestre, elevação de 1,4% em um ano, de R$ 7,873 bilhões. No comparativo trimestral cresceram 2,0%. Considerando o resultado de seguros, os ganhos foram a R$ 9,576 bilhões no quarto trimestre, aumento de 1,0% em um ano e de 2,1% no trimestre. No ano de 2016, as receitas de prestação de serviços do Itaú chegaram a R$ 30,952 bilhões, alta de 5,7% ante o exercício anterior, de R$ 29,278 bilhões. Se considerado o resultado de seguros, alcançaram R$ 37,215 bilhões, expansão de 4,9% em relação a 2015, em linha com o guidance da instituição. Para este ano, o Itaú espera que suas receitas de prestação de serviços e resultado de seguros cresçam de 0,5% a 4,5% no consolidado e de 0,0% a 4,0% no Brasil.