Jeff Bezos, o fundador da Amazon, é um dos grandes visionários não só da tecnologia, mas do próprio mundo empresarial. Sua inteligência, ousadia e quase obsessão pelo sucesso o fizeram criar, na garagem de sua casa, um dos maiores cases de negócios todos os tempos.

O modo como Bezos criou a companhia que revolucionou o varejo e o mercado de livros, entre outros feitos, é narrado com competência pelo jornalista Brad Stone no livro “A loja de tudo – Jeff Bezos e a era da Amazon”, recém-lançado em português pela Intrínseca.

Comecei o livro há poucos dias. Da leitura, salta um Bezos confiante, irascível, às vezes cruel e duro, apaixonado e implacavelmente ambicioso. Um CEO “louco e brilhante”, conforme relatado na obra.

Vale a leitura. Como diz o jornalista Elio Gaspari, “é uma grande aula de administração de empresas e a biografia de um visionário.”

Em posts seguintes farei um comentário mais detalhado sobre o livro. Por hora, destaco aqui algumas histórias interessantes sobre o começo da Amazon e o jeito de ser controverso de Jeff Bezos.

1. A operação da Amazon começou na garagem adaptada da casa de Bezos, um cômodo fechado, sem isolamento e com um grande aquecedor à lenha no centro. As duas primeiras mesas foram feitas pelo próprio fundador usando portas de madeira;

2. O capital inicial da Amazon saiu do bolso de seu criador: US$ 10 mil. Nos 16 meses seguintes à fundação, ele injetou mais US$ 84 mil em empréstimos, sem juros;

3. Embora soubesse que precisava de um nome melhor, Bezos registrou sua startup, em julho de 1994, de Cadabra, que alguns confundiam com “Cadáver”;

4. No final de 1994, ele procurou no dicionário todas as palavras que começavam com “A” e vibrou quando encontrou o termo “Amazon”. Pensou: “Maior rio da Terra, a maior livraria da Terra”. Registrou-o como marca de sua recém-criada empresa. “Não é apenas o maior rio do mundo; é muitas vezes maior que o segundo maior rio. Ele deixa todos os outros rios no chinelo”;

5. Logo que entrou no ar, a loja virtual começou a receber muitos pedidos, que eram embalados por Bezos e os poucos funcionários no chão da garagem;

6. Essa situação só mudou quando um membro da equipe sugeriu a compra de mesas que servissem de suporte para embalar os produtos. “Achei aquela ideia a mais brilhante que eu tinha ouvido na vida”, afirmou Bezos;

7. Um dos valores que Bezos incutiu na Amazon é o da simplicidade. Em nome disso, estabeleceu que mesmo os funcionários precisavam pagar para estacionar o carro na empresa durante o expediente;

8. Ele exigia da equipe jornadas de trabalho extenuantes. Numa ocasião, uma funcionária perguntou a ele quando a Amazon permitiria um equilíbrio entre vida profissional e pessoal. “Estamos aqui para fazer as coisas”, disse. “Se você não é capaz de se destacar e dar tudo de si, talvez este não seja o seu lugar;”

9. Bezos usava demais a palavra “ousado”, qualidade que ele valoriza muito. Certa vez, entrou no elevador onde estavam uma mulher e um cachorro, que ele soube se chamar Rufus. Bezos analisou o cão: “Você é um cachorro muito meigo, Rufus”. Em seguida olhou para a dona e falou: “Mas dá para ver que ele não é ousado;”

10. A contratação de funcionários era pautada por um método bem peculiar. Bezos costumava fazer perguntas ridículas, totalmente inesperadas, aos candidatos. “Então, por que as tampas dos bueiros são redondas?”, perguntou a um pretendente. O executivo achou estranho. “Elas são redondas porque é mais fácil de encaixá-las?, respondeu. “Errado, mas não é um palpite ruim”, respondeu, enquanto dava uma de suas famosas e assustadoras gargalhadas.