19/02/2009 - 7:00
DINHEIRO – Qual é a receita para atrair o capital árabe?
Primeiro, é preciso que seja adotada uma postura pró-ativa tanto por parte da iniciativa privada quanto do governo. Temos de fazer com que os investidores árabes enxerguem o Brasil como destino para investimentos no setor produtivo e também no que se refere a ativos financeiros. Hoje, eles têm os olhos totalmente voltados para os países da Europa.
DINHEIRO – E quem deve liderar esse processo?
O setor privado é sempre mais ágil na busca por oportunidades. Mas para que isso se torne realidade é necessário que haja um ambiente favorável, com leis e regras que estimulem a atração de investimentos nos dois lados.
DINHEIRO – Por exemplo?
O primeiro passo é a assinatura de acordos para evitar a bitributação do Imposto de Renda sobre o lucro.
DINHEIRO – No final de janeiro, o sr. participou de uma missão oficial do Ministério do Desenvolvimento aos países do norte da África. Qual a importância de eventos como esse?
Servem para reforçar um dos pilares da política externa brasileira, que é o estreitamento das relações com as demais nações emergentes. Para um país como o Brasil, que tem como meta integrar o Conselho de Segurança da Organização da ONU, a promoção do diálogo e das trocas comerciais com os países africanos, em geral, e os árabes, em particular, é um passo importante.
DINHEIRO – Qual o segredo para fazer negócio com o mundo árabe?
O árabe valoriza muito o contato olho no olho e as relações de amizade e confiança. E isso só se constrói no longo prazo.
DINHEIRO – Quais os entraves para esse intercâmbio?
O principal deles é a questão logística. É preciso encurtar a distância, com a criação de voos diretos unindo o Brasil aos países árabes, além de criarmos um número maior de rotas marítimas. E isso depende, em muito, da ação dos governos.
DINHEIRO – A crise econômica está trazendo de volta o protecionismo. Isso pode atrapalhar os planos do Brasil no cenário global?
Vivemos um período bastante conturbado porque a crise econômica é de uma magnitude jamais vista. Faz um ano que explodiu a crise do subprime e ainda não se tem ideia dos prejuízos. Neste contexto, é natural que os governos adotem uma postura defensiva. Felizmente, a crise pega o Brasil em um momento favorável.
DINHEIRO – O governo agiu corretamente ao conceder benefícios para alguns setores industriais?
Eu diria que sim. Acho apenas que a área econômica poderia ter sido um pouco mais agressiva já em setembro, quando houve a quebra do banco de investimentos Lehman Brothers.
DINHEIRO – O sr. acha que o governo vem dando atenção às questões levantadas pelos empresários?
O governo do presidente Lula tem demonstrado um comportamento exemplar neste quesito.
DINHEIRO – E quais as suas prioridades à frente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira?
Meu plano de ação está focado no estímulo ao comércio e ao fluxo turístico entre o Brasil e os países árabes. Além disso, pretendo batalhar para que os empresários árabes vejam os projetos de infraestrutura e o setor financeiro como opções de diversificação de seus investimentos no exterior.