17/09/2008 - 7:00
DINHEIRO ? A Clarins é uma das líderes no segmento de beleza na França, e está presente no Brasil desde os anos 1990. Por que nunca se destacou por aqui?
CHRISTIAN COURTIN ? CLARINS ? Nossa antiga parceria foi um desastre. O mercado de cuidados para a pele é diferente do mercado de fragrâncias, e nossos novos parceiros não entenderam isso. Há um ano e meio, assinamos com a Neutrolab. Conheci o dono e fiquei feliz com o seu entusiasmo.
DINHEIRO ? Como o sr. vê o mercado brasileiro?
CLARINS ? O Brasil é muito importante para o mercado de bens de luxo, mas ainda é pequeno. No entanto, o potencial é enorme: é um país rico, com uma população muito grande e que está entre os maiores consumidores de cosméticos do mundo.
DINHEIRO ? Quanto a Clarins investiu no desenvolvimento de produtos de beleza em 2007?
CLARINS ? Gastamos por volta de US$ 45 milhões com pesquisas de novos ingredientes e com a realização de testes em diferentes países.
DINHEIRO ? Em nova fase no Brasil, a Clarins fez um estudo de mercado antes de selecionar 30 novos pontos-devenda. Quais os critérios para essa escolha?
CLARINS ? Nós queríamos uma loja que tivesse um bom serviço de atendimento e que nos desse a liberdade de treinar a equipe que cuidaria da marca.
“Quem se deixa levar pelas metas capitalistas não consegue construir uma marca“
DINHEIRO ? Especialistas dizem que cerca de 40% dos produtos da Clarins foram elaborados porque alguma cliente sugeriu. Isso é verdade?
CLARINS ? Sim, meu pai era um gênio do marketing e ouvia as críticas, positivas e negativas, que seus clientes faziam sobre seus produtos. Mantivemos isso na empresa até hoje.
DINHEIRO ? O sr. vê alguma diferença entre os consumidores brasileiros e os europeus?
CLARINS ? Os brasileiros usam mais produtos para o corpo, enquanto os europeus se preocupam mais com o rosto.
DINHEIRO ? A empresa já abriu um spa no Rio de Janeiro. Por que não abrir em São Paulo, que concentra grande parte dos consumidores de luxo do País?
CLARINS ? Para fazer ciúme aos paulistanos (risos). Encontrei boas oportunidades em ambas as cidades, mas no Rio as pessoas foram mais rápidas. Temos planos de abrir em outros pontos do Brasil.
DINHEIRO ? Qual é o perfil da consumidora da Clarins?
CLARINS ? É uma mulher que sabe que não fazemos milagres, mas que a ajudamos a se sentir bem com produtos de qualidade para sua pele.
DINHEIRO ? Como foi seu início na Clarins?
CLARINS ? Foi ótimo, pois pude trabalhar para meu pai e ainda viajar pelo mundo. Com ele, também aprendi que tudo se resume a uma palavra: respeito.
DINHEIRO ? Como o sr. enxerga a empresa no futuro?
CLARINS ? Estou totalmente convencido de que as únicas empresas que sobreviverão são as que produzirem algo de qualidade e fornecerem bons serviços. E isso inclui dar tempo para o desenvolvimento dos negócios. Pensando nisso, até o fim de setembro, espero ter recomprado todas as ações da Clarins. É um mercado muito fechado, que pede lucros instantâneos. Se você se deixa levar apenas pelas metas capitalistas, você não consegue construir uma marca de verdade. E isso não condiz com nossos objetivos e com a nossa filosofia.
