A expectativa para este ano é de que as vendas globais dessa categoria de produtos cheguem a E 185 bilhões. Um aumento de 8% com relação a 2010. A italiana Claudia D’Arpizio, da consultoria americana Bain & Company especializada no mercado do luxo, falou à DINHEIRO sobre essa retomada.

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“Em cinco anos o Brasil será o centro dos investimentos do luxo”

 

A previsão da Bain Company é de um crescimento de 8% do mercado de luxo mundial. Em quais países esse desempenho pode ser ainda maior?
A China e o Brasil são os dois mercados nos quais o crescimento será mais significativo.

 

Quanto deve crescer o Brasil?
A expectativa de crescimento no País, que movimentou E 1,8 bilhão, em 2010, é de 20%.

 

Quais setores mais sofreram com a crise de 2008?
Todos sofreram, porque o fluxo de consumidores nas lojas diminuiu. Os mais atingidos foram o de relógios e joias. As pessoas não queriam ostentar riqueza em um momento de crise.

 

Em contrapartida, qual setor não teve problemas?
Não se pode dizer isso de nenhum setor. Mas o de acessórios femininos sofreu menos. As pessoas compravam peças de suas marcas de luxo preferidas, às vezes mais em conta, e mantinham as aparências. 

 

Atualmente, qual é o segmento mais promissor do luxo? 
O de bolsas, em particular, que são mais fáceis de agradar aos mais diversos públicos. Nos países muçulmanos, por exemplo, uma mulher dificilmente veste uma roupa de marca, já que é obrigada a usar burca. A bolsa se torna, então, um item universal para o luxo. 

 

Por que a China continua como a bola da vez? 
Primeiro, porque, com o aumento do processo de urbanização das cidades, a riqueza chegou a um número maior de famílias. Com isso, as pessoas passaram a viajar mais para fora. Esses dois movimentos aproximaram os chineses do estilo de vida ocidental, mais consumista. Agora eles compram em seu país e no exterior, como na Europa e em Dubai. Logo atrás da China, vem o Brasil, mesmo a despeito das altas taxas de importação aplicadas. Na verdade, isso torna as mercadorias mais exclusivas ainda. Além do mais, as marcas estão descobrindo outras regiões fora do eixo Rio de Janeiro-São Paulo, ampliando sua atuação no Brasil. Nos próximos cinco anos, o País será o centro dos investimentos das grifes de luxo. 

 

A China tem fama de fabricar produtos de qualidade duvidosa e de não fornecer boas condições de trabalho. Isso atrapalha a manufatura de luxo no país?
Do ponto de vista da qualidade, é sempre uma questão de controle da própria empresa contratante, não do país.  

 

Na América Latina, o brasileiro é o maior consumidor de luxo? 
O México ainda é o maior mercado da região. No entanto, a maioria dos compradores não é de mexicanos, mas de americanos que vão ao México consumir o luxo  local. Como, por exemplo, os serviços dos resorts. Se considerarmos apenas os gastos efetuados pelos nativos, é correto dizer que o brasileiro é o maior consumidor de luxo da América do Sul. 

 

Como os produtos “made in Brazil” são vistos no Exterior?
Em geral, busca-se nos produtos exclusivos aspectos culturais diversos. O quesito criatividade também conta bastante. O Brasil pode focar nesses dois quesitos, já que possui um valor cultural, para o mundo, muito positivo. A cultura brasileira transmite positividade, vontade de viver e sensualidade, aspectos ligados ao bem estar. E nada mais fácil do que vender produtos que remetam ao prazer. Afinal, esse é um dos conceitos essenciais do luxo. 

 

Como o luxo deve encarar a nova geração Z ou digital, que será o consumidor predominante daqui a dez anos? 
As grifes já estão tentando entender quais são os valores pelos quais os jovens se interessam. Não é ostentar status nem provar ascensão econômica. Talvez ética, preocupação ecológica e social tornem-se  elementos importantes para a indústria do luxo do futuro.