18/01/2006 - 8:00
Em 2005, pelo quinto ano consecutivo, a Audi liderou o ranking de licenciamento de veículos novos no Brasil em comparação com as rivais BMW e Mercedes. Foram 5.202 carros e um crescimento de 42,6% no segmento premium. Com o sorriso estampado no rosto, Daniel Buteler, o presidente da montadora alemã no País, falou à DINHEIRO sobre a família Senna, os antigos sócios, o mercado e as expectativas para 2006. Acompanhe:
DINHEIRO ? Qual é o segredo do sucesso da Audi com o público brasileiro?
Buteler ? O design e a tecnologia. Este ano, por exemplo, traremos a transmissão DCG que faz o tempo da troca de marcha diminuir. Reduz para um quinto do normal.
Em 2004, a Audi licenciou 6,3 mil carros e, em 2005, foram 5,2 mil unidades. Por que as vendas caíram?
Atuamos em dois segmentos, o A no qual está o A3 e os veículos premium, mais caros, com os modelos A4, A6 e A8. No caso do A3, houve uma queda no volume depois do anúncio de que substituiremos o modelo nacional pelo importado alemão. Mas se tirarmos o A3, a Audi cresceu quase 50% no segmento premium com a venda de carros que custam mais de R$ 180 mil. Em 2004, vendemos 650 unidades e, no ano passado, vendemos 1 mil.
O carro chefe da Audi no Brasil sempre foi o A3 com 80% das vendas. Com o fim da produção, como a montadora vai trabalhar?
A partir de janeiro de 2007, teremos apenas o importado. O novo A3 será mais caro [hoje, o nacional custa R$ 65 mil e o importado custará R$ 110 mil], e é natural que o volume de vendas seja menor. Mas os nossos concessionários estão preparados para a mudança.
Como?
Há cerca de dois anos e meio a nossa rede passa por uma reestruturação. Tínhamos 41 concessionários e hoje reduzimos para 30. Também estamos treinando os revendedores. Levamos o pessoal para a Europa, ensinamos novas técnicas de venda e testes de produtos.
Se tirar o A3 de linha vai causar toda essa mudança, por que não mantê-lo?
Porque para produzirmos o novo A3 na fábrica do Paraná, teríamos que fazer uma ampla reforma que custaria milhões de dólares.
Então a Audi não fabricará mais nada no Brasil?
Por enquanto, não. Mas isso não impede alguma retomada no futuro.
No ano passado, a Audi AG comprou os 49% da empresa no Brasil que pertenciam a família Senna. Como foram as negociações?
Em 1999, fechamos uma joint venture com a família Senna. Na época, decidimos que, no término do contrato, conversaríamos para definir o futuro da empresa. Isso aconteceu em 2005 e negociamos o fim da parceria por cerca de seis meses. A família e o Ubirajara Guimarães [o outro sócio] não ficaram contentes em saber que nós iríamos comprar a parte deles. Eles queriam continuar nos negócios, mas entenderam as razões estratégicas da empresa.
O que mudou no dia-a-dia?
Hoje temos um contato mais estreito com a Audi da Alemanha. Mas o resto não mudou muito. O trabalho do Leonardo e do Ubirajara foi de extrema qualidade.
A Audi é famosa no Brasil pelo marketing agressivo. A marca vai seguir o mesmo ritmo?
Com certeza. Este ano teremos oito lançamentos de produtos como o novo A3 e o Q7, um utilitário esportivo que chega em setembro e custará R$ 400 mil. Para cada lançamento separamos uma verba de marketing. Vamos crescer 25% no segmento premium.
O senhor trabalhou na Volkswagen, uma marca popular, e agora está na Audi, uma marca de luxo. Qual é a diferença?
É mais difícil vender para o público da Audi que é mais diferenciado. Um bom exemplo é que quando você vende 15 mil carros da Volkswagen, você sabe que a maioria dos clientes é igual. Até porque, há vendas de grandes volumes. Dizemos que a Volks vendeu milhares de carros e a Audi vendeu 1 mil carros para 1 mil clientes.