06/06/2012 - 21:00
Nos últimos dez anos, o Brasil entrou no mapa dos investimentos globais do mercado de luxo. No setor hoteleiro não é diferente. Em entrevista à DINHEIRO, o CEO mundial da rede Orient-Express conta como o País passou de coadjuvante a protagonista no segmento da hotelaria premium.
Qual é a sua percepção sobre o mercado de luxo no Brasil?
No Oriente Médio e na Ásia, a palavra luxo ainda se mantém fiel ao seu significado original. No turismo, identifica o que é único, exclusivo e que poderia trazer status. Mas o termo evoluiu para outro significado em várias partes do mundo, inclusive no Brasil. Atualmente, a palavra luxo é sinônimo de experiência, não mais de uma mercadoria cara. É algo que deve trazer a excelência de serviços, decoração, gastronomia e de locais voltados ao bem-estar. Esse conjunto de experiências é o que entendemos como luxo hoje em dia.
Há espaço para a hotelaria de luxo no País?
Sim. Estamos falando de um país continental. Este não é um clichê, mas uma realidade. Os brasileiros se tornaram um grupo seleto de consumidores. O cliente passou a ser mais exigente. E para exigir está disposto a gastar mais em suas viagens. Ele quer desfrutar de experiências únicas e ter serviços de qualidade.
Quais são as operações da Orient-Express no Brasil?
Estreamos no Brasil em 1989, ao adquirir o Copacabana Palace, no Rio de Janeiro. Em 2007, passamos a operar o Hotel das Cataratas, em Foz do Iguaçu (PR), um dos locais mais impressionantes do continente. O hotel é cercado por um parque de 1.850 km².
Pretende investir em novos projetos?
Nossos clientes em todo o mundo amam o Brasil. Estamos sempre estudando a possibilidade de investimentos. Além da remodelação total do Hotel das Cataratas, concluída em 2010, finalizamos, no ano passado, a remodelação de 26 quartos do Copacabana Palace. Agora estamos remodelando o hotel para a Copa e a Olimpíada.
Há planos de construir hotéis como o Copacabana Palace?
Não como o Copacabana Palace. A Orient-Express sempre respeita as características locais. O Copacabana Palace é, dentro de um contexto histórico, muito peculiar. Em Foz do Iguaçu, já investimos em renovação e decoração. Começamos a sentir o retorno agora.
O Brasil é prioridade para a Orient-Express?
O País é e sempre foi muito importante para nós. Temos registrado recordes seguidos de receita e crescimento.
A empresa tem sido afetada pela crise?
Sentimos alguns efeitos, mas tempos de crise sempre exigem das empresas mais investimentos, criatividade e busca de novas oportunidades. Nossa equipe está ciente de tudo isso.
Instabilidades de crescimento não afetam seus projetos no País?
Fatores como câmbio e crescimento econômico sempre influenciam nossas escolhas e podem ser decisivos. Mas temos visão de longo prazo. Quando compramos o Copacabana Palace o Brasil estava com a economia abalada e o presidente (Fernando Collor de Mello) recém-eleito era uma interrogação. Mesmo assim, adquirimos o hotel. Atualmente, o Copacabana Palace é uma das joias mais finas de nossa coleção e apresenta um excelente retorno financeiro.
E a hotelaria de luxo na China?
Eu estive em Xangai no início deste ano e vi um enorme potencial de crescimento. Os chineses têm se mostrado muito abertos à possibilidade de contratos de gestão, que são estratégicos para nós.
Como será o mercado de luxo no País no futuro?
Apostamos no crescimento da economia. Temos visto um crescimento tremendo no número de convidados brasileiros que visitam os nossos hotéis no Peru e na Itália, como o Hotel Cipriani, em Veneza, e no Villa San Michele, em Florença. Estamos ansiosos para receber muitos mais.