20/04/2011 - 21:00
Devem ser abertas 400 mil novas vagas em dois anos e vai faltar gente qualificada, diz Gil van Delft, presidente da Page Personnel, empresa controlada pela Michael Page e especializada em contratar técnicos e trainees. Só em 2010 ele e sua equipe entrevistaram 20 mil candidatos a 1.400 vagas e realizaram 350 dinâmicas de grupo. Delft conversou com a DINHEIRO:
Qual é o setor que demanda mais gente?
O mercado financeiro é o nosso principal cliente. Os grandes bancos de varejo estão expandindo suas redes e para isso eles precisam de mais funcionários.
“O Brasil está vivendo a maior briga por talentos que já ocorreu por aqui”
Por que esse é o segmento que mais cresce?
É o setor que gera mais lucros e isso atrai as pessoas. Além disso, o aumento do crédito e a bancarização das classes de menor renda têm impulsionado a demanda por serviços e incentivado o surgimento de novas empresas de crédito.
No mercado financeiro, onde estão as melhores oportunidades?
Nas áreas de crédito, contabilidade fiscal, controles internos, auditoria e suporte. Essa última exige inglês fluente, o que torna mais difícil encontrar gente capacitada.
Isso vale para estagiários e trainees?
Sim. O estagiário de hoje é o futuro líder da empresa. Os principais executivos participam da seleção desses jovens. O salário máximo de um estagiário nesses casos chega a R$ 2 mil, 67% acima do pico em outras atividades. No caso dos bancos de investimento, os salários dos trainees oscilam entre R$ 5 mil e R$ 6 mil. Claro que essas vagas não são muito numerosas.
Quais são os outros setores que mais demandam profissionais de nível técnico?
Bens de consumo, cosméticos, construção civil e indústria.
Quais são as expectativas para o mercado de trabalho brasileiro?
Excelentes. O mercado é crescente. O Brasil está vivendo a maior briga por talentos que já ocorreu no mercado de trabalho por aqui. Nos próximos dois anos devem ser abertas 400 mil novas vagas. O País não tem mais mão de obra barata.
Quais serão as consequências desta situação?
A situação hoje do País é, em certa medida, parecida com a da Europa depois da Segunda Guerra Mundial. Faltam técnicos, principalmente na construção civil, óleo e gás e agronegócio. As vagas técnicas são as mais urgentes para os clientes. A briga pelos talentos é tanta que o estudante não precisa mais aceitar o primeiro estágio que aparecer. Hoje ele pode escolher de acordo com o salário, os planos de carreira e a localização da companhia.
E como solucionar isso?
As possibilidades são capacitar o empregado ou importar pessoal. Capacitar o brasileiro é mais caro, mas é melhor para o País no médio e no longo prazos. Não é fácil importar trabalhadores, especialmente nos níveis técnicos.
Quais são as regiões mais promissoras do País para esses cargos?
O Rio de Janeiro tem recebido fortes investimentos de empresas nacionais e multinacionais, o que faz com que apresente uma carência mais aguda de pessoas qualificadas do que em São Paulo. No futuro, haverá polos muito interessantes em Santos e no Recife.
Como as redes sociais têm ajudado no recrutamento de profissionais?
A internet mudou a forma de procurar emprego em áreas como tecnologia da informação, vendas e administração. Esses profissionais estão sempre de olho no Facebook, por exemplo. Cerca de 40% a 50% dos candidatos a uma vaga usam as redes sociais para buscar emprego.