DINHEIRO – Quanto o setor de energia consome em seguros no mundo?
Os prêmios globais hoje são de cerca de US$ 6 bilhões, um valor pequeno em relação ao mercado global de seguros, que supera os US$ 4 trilhões.

DINHEIRO – Se é tão pouco, por que desenvolver negócios nessa área?

Por dois motivos. O primeiro é que o setor recebeu investimentos de mais de US$ 425 bilhões apenas em 2010, e esse ritmo vai continuar pelos próximos anos. Então, os números mostram que é um grande negócio. O segundo motivo é que a demanda por seguros vai crescer.

 

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“O mercado segurador brasileiro não está preparado para o pré-sal”

 

DINHEIRO – Por causa de acidentes como o da British Petroleum no Golfo do México?

Exatamente. Até agora ainda não sabemos explicar todas as causas da explosão, o que quer dizer que não sabemos exatamente como evitar que isso ocorra novamente. Por isso, todos estão mais conscientes do risco. No dia seguinte ao acidente, grandes empresas nos procuraram para rever suas apólices. Esses seguros são uma das nossas especialidades. Nós faturamos US$ 2 bilhões com eles por ano. 

 

DINHEIRO – Qual é a importância do Brasil para a Marsh?

O tamanho exato de nossas atividades aqui é confidencial, mas representa uma parcela significativa do faturamento da companhia, e acreditamos que essa cifra vai crescer. O Brasil deverá responder por cerca de 15% dos investimentos mundiais em energia nos próximos dez anos.

 

DINHEIRO – Quanto isso vai gerar de negócios para vocês?

Centenas de milhões de dólares. Há muitos projetos, como os da Petrobras e outros como os da OGX e Braskem. Alguns deles já começaram a ser executados. É difícil prever os valores dos prêmios, mas sabemos que serão significativos. 

 

DINHEIRO – O sr. acredita que o mercado brasileiro está preparado para este crescimento?

Ainda não. O mercado de seguros mudou muito com o fim do monopólio do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), mas o Brasil não tem capital nem conhecimento suficiente na área de seguros e precisa do mercado global para fornecer as duas coisas. Há falta de conhecimento, capacidade e produtos. 

 

DINHEIRO – Quando isso mudará? 

Nos próximos cinco anos. Há muitas mudanças no mercado. O mundo está mais transparente, o acesso a informações está mais rápido.

 

DINHEIRO – Fornecer seguros para o setor de energia no Brasil é muito arriscado?

Em termos. O Brasil tem menos catástrofes naturais que outros países, o que é positivo. No entanto, a profundidade das explorações do pré-sal requer o desenvolvimento de tecnologias que não existem hoje, por isso é difícil avaliar os riscos.

 

DINHEIRO – Nesses riscos o sr. inclui os regulatórios?

Sim, a regulação ainda é uma incógnita. Muitas seguradoras estão interessadas em ganhar com o pré-sal, mas a incerteza na regulação deve afastar esses competidores

 

DINHEIRO – Quais as suas apostas futuras?

A energia eólica é o próximo grande negócio. A capacidade de multiplicação dos projetos é enorme. No Brasil, as regiões Nordeste e Sul possuem fortes ventos e é possível aproveitá-los. E há outras vantagens: o risco é baixo, sua medição é simples e o tempo de construção das usinas é rápido. Os projetos ficam prontos entre um ano e um ano e meio após o seu início.