27/01/2010 - 8:00
DINHEIRO – A Lafayette é um marco no mercado de luxo. Como é trabalhar lá?
KARINE D’ASTE – É um orgulho, visto que sempre foi minha loja preferida. Sempre trabalhei no setor de compras, primeiro na área de lenços, depois na de artigos em couro e, há seis anos, na de sapatos.
DINHEIRO – E como é sua rotina atualmente?
D’ASTE – Rotina? Não tenho rotina (risos). Estou sempre atrás de novidades, seja nas ruas, na internet, nas feiras em Milão, Londres e, agora, São Paulo.
DINHEIRO – Quais critérios a sra. leva em consideração no momento de escolher um sapato?
D’ASTE – Normalmente são dois: ele deve fazer parte das tendências da estação e deve ter alta qualidade. Fora isso, procuramos trazer à nossa consumidora marcas novas. Isso faz atingirmos o nicho de pessoas mais antenadas em moda, que nem sempre a Galeria Lafayette conquistava.
DINHEIRO – Em julho de 2009, a Galeria Lafayette Haussman, em Paris, abriu um espaço de 3.200 metros quadrados dedicado aos sapatos. Há planos de abrir mais espaços assim?
D’ASTE – Estamos com o projeto de abrir por volta de 20 espaços com esse novo conceito até 2012. Esse espaço só veio reforçar nossa estratégia de atingir uma clientela aficionada por moda. E ele surgiu justamente porque há lugar para isso. A consumidora francesa compra seis novos pares de sapatos por ano e 17% delas possuem pelo menos 20 pares no armário [No Brasil, o consumo é de 3,3 pares ao ano, em termos de comparação].
DINHEIRO – Quais as principais marcas dos sapatos vendidos lá e qual a média de preços?
D’ASTE – Atualmente são cerca de 150 marcas e as mais procuradas são as de luxo francesas, como Chanel e Dior. Também temos boa saída de marcas não tão conhecidas, como Free Lance e Repetto. Buscamos trabalhar com uma ampla gama de estilos e preços. Nossos pares variam de 10 euros a quase 3 mil euros.
DINHEIRO – Quais as tendências para sapatos para a próxima estação?
D’ASTE – Para o inverno 2010, os sapatos estão bem femininos, com saltos altos, tecidos como couro e python (pele de cobra) e cores como o preto, o cinza e o azul-marinho.
DINHEIRO – Com quais marcas brasileiras a sra. trabalha?
D’ASTE – Trabalhamos com as Havaianas, desde 2001, e também temos Melissa e Ipanema. Após essa vinda para a Couromoda, já estamos negociando com várias outras marcas, mas ainda não podemos citar nenhuma.
DINHEIRO – Então a sra. gostou dos sapatos daqui…
D’ASTE – O mercado calçadista brasileiro tem um futuro promissor pela frente. Além da qualidade e do estilo alegre dos produtos, com cores e estampas como não temos na França, a estrutura de negócios e a dinâmica do mercado me surpreenderam.
DINHEIRO – Surpreenderam como?
D’ASTE – Eu não esperava encontrar uma estrutura tão completa e profissionais tão preparados como no Brasil. Tanto é que já começamos a negociar com várias grifes para levá-las à butique. Isso sem contar o pólo produtivo do Rio Grande do Sul, que fabrica calçados de alta qualidade. Pretendemos negociar uma produção de sapatos de nossa marca própria, a Galeries Lafayette.
DINHEIRO – A França é o berço da moda mundial. Em qual direção a moda está caminhando em seu país?
D’ASTE – A direção é a de uma moda múltipla. Não existe mais uma única tendência, o que há é a multiplicidade. E essa complexidade é, a meu ver, a verdadeira evolução da moda francesa.
“Havaianas, Melissa e Ipanema fazem parte do nosso portfólio “