DINHEIRO – O que é a OEnotéche?
RICHARD GEOFFROY –
A OEnotéche é uma biblioteca de todos os nossos vinhos. Todo o legado da Dom Pérignon é guardado lá. Por exemplo, nós guardamos uma parte da safra de 1995 para que continuasse envelhecendo. Esse rótulo agora será lançado no Brasil (custará R$ 2.340). Também pretendemos guardar a safra de 2009 para ser aberta apenas no próximo século.

DINHEIRO – A OEnotéche é aberta ao público?
GEOFFROY
– Por enquanto, não. Mas consideramos, no futuro, abrir o espaço em horários marcados.

DINHEIRO – Por que fazer um manifesto Dom Pérignon?
GEOFFROY –
Tenho que garantir que a tradição de fazer o Dom Pérignon continue. Atualmente, as empresas definem as suas estratégias a curto prazo. O que estamos fazendo é pensar lá na frente, o que é extraordinário.

DINHEIRO – Qual é o segredo do champanhe que é considerado um dos melhores do mundo?
GEOFFROY
– Fazer champanhe é uma arte. Nosso trabalho é minucioso. Provamos as uvas de novembro até fevereiro. Esse é o segredo de nosso ato de criação. Se as uvas não atingem o padrão, não declaramos a safra.

DINHEIRO – O sr. está afirmando que, nos anos em que a uva não tem qualidade, não há produção? Não há pressão comercial?
GEOFFROY
– Sempre há. Existe uma demanda muito grande por Dom Pérignon. Mas isso faz parte do jogo, é preciso saber lidar com a pressão em qualquer negócio.

DINHEIRO – Recentemente, autoridades francesas decidiram expandir a região de Champanhe e assim mais vinhedos podem ser considerados como locais. Essa iniciativa muda o mercado?
GEOFFROY –
Apesar de ainda não ser permanente, acho triste. As pessoas têm que entender que a produção de champanhe é limitada. Os vinhedos não podem se expandir até o céu.

DINHEIRO – Essa demanda restrita é o que explica que alguns champanhes custem milhares de dólares?
GEOFFROY
– Em qualquer mercado, o preço é baseado na escassez, na oferta e na demanda.

DINHEIRO – Mesmo assim, com a crise mundial, as vendas de champanhe têm caído. O primeiro semestre de 2009 registrou uma queda de 20%. Como isso afetou a marca?
GEOFFROY
– O que eu faço é apenas produzir o champanhe. Mas posso dizer que, pela tradição do Dom Pérignon, não sofremos tanto.

DINHEIRO – O sr. já está preparando um sucessor para o seu cargo?
GEOFFROY
– Pretendo ficar muitos anos, mas já tenho alguns candidatos. Antes, porém, eles precisam provar que merecem.

DINHEIRO – Apesar de ter nascido em Champanhe e ser filho de vinicultores, o sr. passou um tempo longe da região para estudar medicina. Por que não seguiu nessa profissão?
GEOFFROY
– Durante minha adolescência saí para provar ao mundo e a mim mesmo que eu era capaz. Foi quando me tornei médico. Depois, voltei para minha terra de origem. Olhando hoje, a medicina me auxilia na arte de fazer vinhos. Afinal, as duas são imprevisíveis.

“Em qualquer mercado, o preço é baseado na escassez, na oferta e na demanda”