21/12/2005 - 8:00
Em menos de dois anos, o Wal-Mart do Brasil, que até então crescia vagarosamente por aqui, deu uma guinada digna da maior empresa do mundo: investiu mais de
US$ 1 bilhão em aquisições. Primeiro foi o Bompreço e, na semana passada, conforme DINHEIRO havia antecipado em agosto, fechou a compra do Sonae por US$ 750 milhões. O acordo lhe rendeu 160 lojas no Sul do País. Na quinta-feira 15, Vicente Trius, presidente da Wal-Mart do Brasil, falou a DINHEIRO:
O Wal-Mart acaba de fazer seu maior investimento no Brasil. Somado à aquisição do Bompreço, são mais de US$ 1 bilhão em compras. O discurso do crescimento orgânico foi enterrado?
O Brasil é um País estratégico para o Wal-Mart. As aquisições do Bompreço e do Sonae que aconteceram num período de 18 meses de intervalo demonstram claramente a confiança e o potencial que vemos no mercado. Além das aquisições, temos investido bastante em crescimento orgânico. Neste ano, inauguramos 10 lojas criando mais de 3 mil postos de trabalho.
As lojas terão o o nome Sonae ou Wal-Mart?
Não temos planos de mudar as marcas das lojas. No caso do Bompreço, não mudamos nada. O mais importante para nós são os valores por trás da marca e não a marca em si. Precisamos garantir sortimento, atendimento e preços baixos todos os dias.
Vocês pretendem fechar algumas lojas do Sonae?
Não temos a intenção de fechar lojas. Aliás, temos planos de abrir novas lojas e devemos criar mais de 5 mil postos de trabalho no próximo ano.
A primeira posição no ranking nacional é questão de tempo?
O objetivo de nossa empresa não é buscar a liderança. Trabalhamos para ser a melhor opção de compra do cliente e a melhor operação de varejo.
O senhor diria que ?agora sim? a Wal-Mart mostrou sua força no Brasil?
O Wal-Mart chegou ao Brasil há 10 anos inaugurando 5 unidades na grande São Paulo. Entramos no mercado mais competitivo do Brasil, com uma concorrência muito profissional e tivemos que aprender a gerar resultados nestas condições. Hoje, vejo que este foi o melhor caminho e a coisa mais acertada que fizemos.
O Wal-Mart chegou a vender até bota para neve no Brasil. Mas agora parece ter acertado a mão. O que mudou?
Muito se falou sobre alguns itens que a empresa introduziu no País no ano de sua estréia mas pouco se fala das multidões que compareceram às nossas lojas e ficaram encantadas de ver o sortimento com o qual brindamos o consumidor.
Quantas lojas próprias serão abertas em 2006?
Planejamos inaugurar 15 lojas no ano que vem. Algumas delas em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Também voltaremos a crescer com o Bompreço no Nordeste.
Vocês tiveram um trabalho enorme de adaptação no Nordeste. Como pretendem conquistar os gaúchos, tidos como consumidores extremamente fiéis às marcas locais?
Nossa adaptação ao mercado nordestino foi tranqüila. E também será no sul. O Sonae já tem uma equipe que conhece bem o mercado e que deve continuar as suas atividades apenas incorporando, onde houver oportunidade, boas práticas do Wal-Mart.
O anti-americanismo no sul do País pode atrapalhar os planos do Wal- Mart?
O essencial para uma empresa ? seja ela de qualquer origem ? é o respeito pelo cliente e pela comunidade local.
A compra da rede gaúcha Zaffari, quarta do ranking, seria um movimento natural?
A rede Zaffari é um excelente exemplo de uma boa empresa varejista. O Brasil, de uma forma geral, tem empresas de muita qualidade no setor. Mas no momento, estamos mais preocupados em melhorar cada vez mais o negócio existente.