A guerra publicitária na Copa do Mundo no Brasil vai muito além das marcas expostas nos gramados, nas propagandas de tevê ou nos uniformes das seleções. Muitas empresas têm corrido por fora para garantir um espaço na memória dos torcedores. Esse é o caso da catarinense Docol, fabricante de metais sanitários. A empresa equipa 11 das 12 arenas no torneio – a exceção é o Estádio Mané Garrincha, em Brasília. Os contratos renderam cerca de R$ 1 milhão para a empresa, além de garantir sua marca nos banheiros e vestiários dos mais modernos estádios do País.

“Essa conquista evidencia o melhor momento da história da nossa empresa”, afirma Ingo Doubrawa, presidente da companhia. A conquista, porém, não está nas cifras dos contratos, mas na exposição da marca vice-líder do mercado brasileiro, atrás apenas da Deca. “A exposição será, de fato, o maior legado do Mundial para nós”, diz Guilherme Bertani, diretor- comercial. A afirmação do executivo, sob a ótica do marketing indireto, faz todo sentido. Cerca de 80% das vendas da empresa no País, estimadas pelo mercado em R$ 450 milhões, no ano passado, vão para as residências, o que explica a importância de um corpo a corpo com os torcedores.

“Queremos que os consumidores brasileiros e estrangeiros se lembrem da nossa marca na hora das compras”, diz Bertani. O plano de associar sua imagem à Copa do Mundo é parte de uma estratégia para ampliar a fatia das exportações nas receitas da empresa, atualmente em torno de 20%. Para alcançar a meta de ampliação das exportações, a Docol investirá R$ 80 milhões na modernização e ampliação de sua única fábrica, em Joinville, até 2015. “A minha meta é que represente metade do faturamento nos próximos anos”, diz Doubrawa. A Índia é o principal destino das exportações da Docol.

“Sempre reinvestimos os resultados positivos da empresa”, diz Doubrawa. Chegar à liderança do mercado brasileiro é uma meta audaciosa. O primeiro lugar do setor está nas mãos da Deca, divisão de louças e materiais sanitários da Duratex, que, sozinha, faturou R$ 1,3 bilhão no ano passado. Bertani, a exemplo das zebras que vêm assombrando a Copa do Mundo do Brasil, não se intimida e repete o discurso de respeito ao adversário. “Mas se a Espanha, atual campeã mundial, foi eliminada na primeira fase, por que não podemos buscar a liderança?”, diz. “Para nós, é tudo ou nada.”

—-
Leia também:

Os limites do Neymarketing
A taça dos coreanos
Os espanhóis que se deram bem na Copa