17/12/2024 - 13:00
A quantia de dinheiro da segunda parcela do 13º salário gasta com compras atingirá em 2024 a maior parcela nos últimos três anos, de acordo com um estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Serão injetados R$ 44,1 bilhões no comércio. Em seguida, estará a destinação para quitação e o abatimento de dívidas (R$ 42,5 bilhões), gastos no setor de serviços (R$ 24 bilhões) e poupança (R$ 15 bilhões).
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A pesquisa aponta como causa um recuo no endividamento das famílias, apesar de apontar que os débitos seguem em “patamar historicamente elevado”. O comprometimento da renda média com dívidas chegou a 29,9% segundo os últimos dados do Banco Central, 12 meses após se situar em 30,1%.
Em 2022, a parte da 2ª parcela do 13º que o consumidor pretendia destinar a dívidas foi de 38%, ou R$ 42,7 milhões. Na sequência, apareciam os gastos com consumo de bens (33%), gastos com serviços (17%) e poupança (12%).
Veja no gráfico a distribuição dos usos da segunda parcela do 13º em 2024:
O valor injetado na economia pelo pagamento da segunda parcela do décimo terceiro salário será de R$ 125,6 bilhões, montante 4,8% maior em relação aos R$ 119,8 bilhões pagos em dezembro do ano passado.
Crescimento do emprego impulsiona gastos
Professor do Ibmec-RJ, José Ronaldo Souza Jr. destaca que a parte do 13º destinada a serviços também cresceu nos últimos três anos. “Essa mudança é um reflexo do aumento do emprego”, diz
A quantidade de trabalhadores do país subiu para 103,0 milhões em outubro, um novo recorde da série histórica da PNAD Contínua iniciada em 2012. Todavia, com as projeções para que a taxa básica de juros, a Selic, passe por uma alta no próximo ano, os gastos das famílias devem diminuir.
Cerca de 39 milhões de trabalhadores formais do setor privado receberão $ 54,6 bilhões nesta parcela. Já os 12,3 milhões de trabalhadores do setor público terão acesso a R$ 27,1 bilhões, e dos 34,3 milhões de segurados do INSS obterão R$ 26,4 bilhões.
O setor com maior intenção de compra manifestada pelos consumidores é o de vestuário e calçados (80%). Em seguida, aparecem livrarias e papelarias (50%) e lojas de utilidades domésticas (33%), conforme mostra o gráfico:
Juros devem impactar gastos no próximo ano
“A elevação da taxa de juros pode impactar esse cenário, uma vez que a economia está em um estado de sobreaquecimento”, afirma Souza. “Esse sobreaquecimento, impulsionado por estímulos fiscais substanciais, resultou em uma mudança na política monetária que tende a desacelerar o crescimento da renda nos próximos períodos e a aumentar o custo da dívida.”
“Embora esses dados sejam positivos e reflitam uma melhoria na economia, no nível de desemprego e na redução da pobreza, eles também sustentam a necessidade de manter a tendência de alta nas taxas de juros”, concorda a também professora de economia do Ibmec-RJ, Flavia Moraes.
As previsões do mercado financeiro para a taxa de juros no final do próximo ano subiram de 12% há quatro semanas para 14,50% na última edição, publicada na segunda-feira, 16.