07/03/2019 - 15:24
No ano passado, a enóloga Almudena Alberca se tornou a primeira mulher espanhola a conquistar o título de Master of Wine. Confesso que a informação do pioneirismo de Almudena chamou mais a minha atenção do que o anúncio do nome dos 14 aprovados. Como que a Espanha, tão tradicional nos vinhos e um dos poucos países a considerar o vinho um alimento, não tinha ainda uma mulher MW entre os seus pares? Às vezes, a estatística revela muito sobre as coisas.
Formada em engenharia agrícola e com especialização em enologia e viticultura, Almudena é a diretora técnica da Viña Mayor desde 2015. A vinícola é uma das maiores na elaboração de vinhos na Ribera del Duero, Rueda e Toro. Atualmente, o time de MW é formado por 384 profissionais, de 30 países diferentes. Desde total, pouco mais de 1/3 são mulheres: exatas 132 pessoas. A primeira MW foi a inglesa Sarah Morphew Stephen, em 1970, exatos 17 anos depois do título ser concedido pela primeira vez. A inglesa Jancis Robinson obteve o seu MW em 1984 e foi a primeira mulher, então fora do mercado do vinho, a conquistar este título.
Ainda sobre este tema, o Instituto do Master of Wine informa que 1979 foi o primeiro ano em que foram aprovados o mesmo número de homens e mulheres. Até então o número de homens aprovados era sempre superior ao de mulheres. E, em 2001, pela primeira vez, mais mulheres foram aprovadas do que homens. Mais recentemente, em 2014 e em 2015, novamente a quantidade de mulheres aprovada foi maior do que o de homens.
Não é fácil ser um MW, estas duas letrinhas mágicas que acompanham o nome dos profissionais do vinho. O título máximo do mundo do vinho requer anos de estudos e muitas viagens pelos vinhedos em todos os continentes. As provas finais incluem difíceis degustações às cegas (quando não se sabe o que está nas taças) e trabalhos escritos, avaliados pela banca inglesa. A propósito, não há brasileiras com este título. O único MW brasileiro é Dirceu Vianna Júnior, que vive em Londres. Ele conquistou o título em 2008.
As mulheres e o vinho
Durante todo o mês de março posto aqui as mais diversas histórias de mulheres no mundo do vinho. Em 2018 foram 23 textos de personalidades e épocas diferentes e em 2019 continuo a tradição. Adorei pesquisar e conhecer mais sobre estas pessoas e seus desafios. Confira, a seguir, quais foram estas mulheres.
2019
2018
– Barbe-Nicole Clicquot, mais conhecida como a Veuve Clicquot
– Jancis Robinson, a inglesa mais influente do mundo do vinho com o seu www.jancisrobinson.com
– Lalou Bize-Leroy, a polêmica e competentíssima produtora da Borgonha
– Serena Sutcliffe e os leilões de vinho
– Maria Luz Marín, a chilena pioneira no vale de San Antonio, no Chile.
– Natasha Bozs, uma das primeiras enólogas negras da África do Sul, da Nederburg
– Elena Walch, a arquiteta que virou enóloga e hoje tem sua própria vinícola no Alto Adige
– Véronique Drouhin-Boss, a francesa da quarta geração da domaine Drouhi
– As associações de mulheres e vinhos já existem em 10 regiões francesas
– Lorenza Sebasti, proprietária da vinícola italiana Castello di Ama
– A portuguesa Filipa Pato, dos vinhos da Bairrada
– Lis Cereja, a brasileira que mais e melhor levanta a bandeira do vinho natural no Brasil
– Féminalise, um concurso de vinhos francês que só tem juradas
– Albiera Antinori, a primeira mulher a dirigir a tradicional vinícola italiana
– Susana Balbo, a pioneira nos vinhos argentinos
– Cecília Torres, a primeira mulher nos vinhos chilenos com o Casa Real
– Ludivine Griveau, que dirige os vinhos do Hospice de Beaune, na Borgonha
– A dupla de amigas e enólogas portuguesas Sandra Tavares e Susana Esteban
– Patricia Atkinson, e a sua aventura de elaborar vinhos franceses