Completam neste sábado, 21, duas semanas do conflito entre Israel e o Hamas. Na última terça, 17, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que a guerra pede atenção quanto ao preço do barril de petróleo e à cotação do dólar. Segundo especialistas ouvidos pela IstoÉ Dinheiro, o Brasil não terá grandes surpresas a curto prazo.

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“Se comparado ao primeiro dia do conflito a margem de variação cambial foi bastante limitada”, afirma Christopher Mendonça, cientista político e professor de Relações Internacionais do Ibmec BH. No dia 9 de outubro, após o sábado em que o Hamas deu a primeira ofensiva a Israel, a moeda fechou o dia cotada a R$ 5,13.

Já o petróleo, na mesma data, teve alta de 4,14%. “O Oriente Médio é a grande produtora de petróleo do mundo e por esta razão o tema energético se torna tão sensível em um contexto de instabilidade como o que estamos vivendo. Todavia esta variação tende a ser limitada”, acrescenta Mendonça.

A mesma ‘despreocupação’ foi citada por Alexandre Silveira, ministro das Minas e Energia. “A Petrobras está trabalhando sempre observando a volatilidade, mas muito focada em seus custos internos. Foi isso que nós fizemos um compromisso com o povo. A Petrobras não precisa ser subserviente ao preço internacional”, disse o chefe da pasta ao g1.

“A cotação do câmbio ainda não tem sido muito afetada pelo conflito na faixa de gás entre Israel e o Hamas. Óbvio que a flutuação da moeda ocorre refletindo a conjuntura e a pressão de uma elevação do câmbio fica maior junto com os preços do petróleo, quando o noticiário indica a possibilidade de uma ampliação do conflito envolvendo outros participantes, sejam países árabes, sejam países da União Europeia, Estados Unidos e a Rússia”, explica Gilberto Braga, economista e professor do Ibmec RJ.

Para Gilberto, sem o cenário internacional do conflito, o Brasil já poderia esperar um câmbio mais fraco, tendendo a R$ 5 ou abaixo de R$ 5, sobretudo para o final do ano.

“A possibilidade de ajuda humanitária, de acordos, que de alguma forma se tenha uma participação mais efetiva da ONU e de organismos internacionais, mediando ainda conflito, para que pelo menos as leis de guerra sejam respeitadas e os civis poupados, isso poderá manter o dólar dentro de um patamar mais confortável, um pouco acima de R$ 5 pelos próximos dias, até que o quadro se modifique”, reforça o professor.

Um fator que pode equilibrar a médio e longo prazo as dificuldades com o preço do petróleo, segundo Mendonça, é a recente aproximação dos EUA com a Venezuela, que também é um importante produtor de petróleo.

“Essa aproximação embora não seja a resolução da dependência ocidental do petróleo do Oriente Médio pode amenizar os potenciais impactos do conflito sobre a economia mundial, gerando mais estabilidade no preço desta commoditie energética”, finaliza.