No Brasil, Ted Turner costuma ser mais lembrado como o magnata que casou ? e recentemente descasou ? com a engajada atriz Jane Fonda. Foi, sem dúvida, um de seus méritos, mas talvez o menor. Seu grande legado, certamente, será o de ter criado a televisão global. Há exatos 20 anos ? 1º de junho de 1980, 6 horas da manhã no horário da costa Leste americana, para ser mais preciso ? ele colocou no ar uma tal Cable News Network, o primeiro canal a transmitir exclusivamente notícias durante 24 horas. Espalhou correspondentes pelo mundo, equipou-os com a tecnologia mais moderna disponível e torrou uma razoável fortuna no negócio. Com seu jeitão de caubói, no entanto, era difícil levá-lo a sério. Passou anos sendo taxado de megalomaníaco, até que o tempo se encarregou de mostrar que ele estava certo. Em janeiro 1991, por exemplo, conseguiu a incrível façanha de colocar nada menos que um quinto da população do mundo sintonizado na sua TV. Isso mesmo: única emissora a transmitir ao vivo os bombardeios americanos a Bagdá durante a Guerra do Golfo, a CNN teve a audiência simultânea de cerca de 1 bilhão de pessoas em todos os fusos horários possíveis.

Até hoje a marca não foi batida. A partir dela, a CNN virou sinônimo de cobertura dos mais importantes fatos internacionais e consolidou-se como rede global. Hoje, possui assinantes em 212 países e territórios, conectados a 17 satétiles de distribuição. Já o caubói Turner passou a estar sempre na arena das grandes transações das comunicações globais. Em 1996, vendeu a emissora ? já transformada em um conglomerado de canais em várias línguas, além de negócios em outras mídias, como a Internet ? para a gigante Time Warner, que no início deste ano uniu-se ao provedor AOL. Turner não é mais dono dos destinos da CNN. É o número 3 do maior negócio de comunicações do planeta, atrás dos presidentes da AOL, Steve Case, e da Time Warner, Gerald Levin, o que, dizem pessoas próximas a ele, tem lhe parecido pouco. ?Estou feliz?, afirmou Turner na festa dos 20 anos da CNN, onde foi reverenciado por Al Gore e Gerge Bush Filho, os dois candidatos à presidência dos Estados Unidos, Kofi Annan, secretário geral da ONU, e até mesmo pelo primeiro-ministro da Rússia, Vladimir Putin (via satélite, de Moscou). Trata-se uma frase protocolar. O ex de Jane Fonda tem bilhões a sua disposição e a vontade de criar um novo negócio. Uma rede de TV, é claro.