Os 26 maiores bilionários do mundo somaram uma fortuna de US$ 1,4 trilhão no ano passado, o mesmo valor da soma de toda a riqueza da parte mais pobre da população, estimada em 3,8 bilhões de pessoas. De acordo com um relatório da Oxfam International, divulgado nesta segunda-feira (21), a distribuição de renda se agravou nos últimos anos. Em 2017, era preciso somar a riqueza das 47 pessoas mais ricas do mundo para se equiparar com as das mais pobres.

O dado, que será apresentado durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, mostra que o planeta nunca teve tantos bilionários: atualmente são 2.208. A riqueza deste seleto grupo aumentou 12% no último ano – US$ 2,5 bilhões ao dia -, enquanto a riqueza da população mais pobre retraiu 11% no mesmo período.

O estudo chamou a atenção sobre a necessidade de revisão da legislação tributária em todo o mundo. Enquanto, em 2018, um novo bilionário era criado a cada dois dias, as taxas de impostos eram cada vez menores. As taxas de impostos para empresas em países ricos caíram de 62%, em 1970, para 38%, em 2013, com a taxa média nos países pobres atualmente em 28%.

De acordo com o relatório, adicionar 0,5% aos impostos sobre a riqueza do 1% mais ricos do mundo arrecadaria dinheiro para educar 262 milhões de crianças e fornecer assistência médica para 3,3 milhões de pessoas em todo o mundo.

“Agora, os governos devem promover mudanças reais para garantir que as corporações e indivíduos ricos paguem sua parte justa, e invistir esse dinheiro em saúde e educação gratuitas que atendam às necessidades de todos – incluindo mulheres e meninas cujas necessidades são tão negligenciadas”, disse Winnie Byanyima, diretora-executiva da Oxfam International.

As conclusões do relatório foram rebatidas pelo Institute of Economic Affairs, com sede em Londres. De acordo com a diretora, Kate Andrews, o relatório da Oxfam é “obcecado pelos ricos”, e falha em fornecer soluções reais para combater a desigualdade.

“Se a meta global é acabar com a pobreza no mundo, a Oxfam deve defender a construção das estruturas nacionais e internacionais corretas que permitam o livre mercado prosperar e combater a corrupção”, disse nesta segunda.