Dados do Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian mostram que 3 em cada 10 companhias (32,6%) existentes no país estavam com o CNPJ no vermelho em agosto. Essa porcentagem corresponde a 6,9 milhões de empresas com dívidas em atraso.

Segundo o levantamento antecipado para o site IstoÉ Dinheiro, o número de empresas inadimplentes tem se mantido estável desde maio. No entanto, cresceu o valor total em dívidas atrasadas. O total em agosto superou a R$ 149,1 bilhões, com um ticket médio de cada conta atrasada estimado em R$ 2.977.

Veja a evolução do valor de dívidas atrasadas de empresas nos últimos 12 meses:

MêsDívidas Negativadas (R$ bilhões)
ago.-23119,3
set.-23122,2
out.-23125,8
nov.-23124,7
dez.-23126,1
jan.-24127,8
fev.-24130
mar.-24134
abr.-24138,2
mai.-24143,9
jun.-24146,2
jul.-24147,1
ago.-24149,1

Micro e pequenas empresas concentram dívidas

Do total de 6,9 milhões de empresas inadimplentes em agosto, 6,4 milhões eram do porte de “micro e pequenas” que, juntas, acumularam mais de 45,3 milhões de dívidas, totalizando um valor devido superior a R$ 128,1 bilhões. Isso indica uma média de 7 contas atrasadas por CNPJ no Brasil

Apesar da porcentagem de empresas negativadas ficarem estáveis desde maio, o valor bruto dessas dívidas aumentou 4% no período. 

De acordo com o economista da Serasa Experian Luiz Rabi, isso acontece porque empresas negativadas acumularam mais dívidas no período.

“Acontece um fenômeno parecido com a pessoa física, que quando deve três cartões acaba devendo o quarto também, já que já estava com o nome sujo. Com as empresas é muito parecido. Hoje cada empresa deve para, em média, 7,3 credores. Esse número em julho era de 7,2”, explica Rabi.

Tendência é de aumento da inadimplência

O cenário econômico brasileiro aponta para uma provável piora nesse cenário. Aumento da taxa de juros somada com uma diminuição do crescimento da economia pode fazer com que as pequenas e médias empresas sintam mais impacto em suas contas. 

“Micro e pequenas empresas acabam sentindo muito na pele quando os juros sobem porque o custo do crédito bancário acaba ficando muito alto. Acredito que com essa política, o número de empresas negativadas tende a subir até o final do ano” 

Ainda segundo o indicador, a maior parte das empresas negativadas eram do segmento de ”Serviços”, que liderou com 56,0%, seguido por ”Comércio” (35,0%), ”Indústria” (7,3%), ”Primário” (0,8%) e “Outros” (0,3%), que contempla negócios ”Financeiro” e do “Terceiro Setor”. 

Em relação aos estados brasileiros com mais CNPJs no vermelho em termos proporcionais, o Maranhão é o maior, com 43,6% das empresas negativadas. Alagoas vem na segunda colocação com 43,1% e o Amapá fecha o pódio com 42%.