O real completa 30 anos nesta segunda-feira, 1, e algumas moedas e notas raras são disputadas por colecionadores e chegam a custar 200 vezes seu valor de emissão.

Considerando a inflação dos últimos 30 anos, R$ 100 reais equivale hoje ao que apenas R$ 12,38 compravam há três décadas. Uma nota antiga de 100 reis, no entanto, dependendo da série, pode valer R$ 4 mil.

O que justifica essa valorização é a chamada numismática, ou seja, o estudo do ponto de vista histórico e artístico destas peças. Moedas e cédulas são assim disputadas quando é possível atestar sua escassez e seu bom estado de conservação.

+Há 30 anos era dada a largada do Plano Real

“Não é a antiguidade”, esclarece Bruno Pellizzari, vice-presidente na Sociedade Numismática Brasileira. “Existem peças da época do império romano que valem menos do que peças emitidas dentro do Plano Real, por exemplo.”

O que torna uma nota valiosa

Na internet, notas e moedas antigas de real são oferecidas em diferentes sites. Cédulas de R$ 1 da primeira família do real, que pararam de ser produzidas em 2006, são anunciadas por mais de R$ 1 mil.

O que importa, de fato, é a escassez. Um exemplo é uma moeda de R$ 1 cujo número de série inicia com a letra B e termina com a letra A. Por terem uma tiragem baixa, Pellizzari afirma que elas podem ser compradas por 200 vezes o valor de emissão. O especialista também destaca notas de 100 reais com assinatura do ministro Rubens Ricupero, que podem chegar ao valor de R$ 4 mil.

Outros fatores que fazem moedas e cédulas comuns tornarem-se escassas são lotes com erros de impressão ou de cunhagem. “Pode acontecer, e tudo isso são fatores que contribuem com a valorização das peças”, afirma Pellizzari.

Comemorativas

Há ainda as peças com edição limitada, entre as quais Pellizari destaca a moeda de R$ 1 em celebração aos 50 anos da Declaração de Direitos Humanos. Foram emitidas apenas 600 mil em 1998. Para nível de comparação, por ano são emitidas cerca de 200 milhões de moedas neste valor.

Outras moedas valiosas são as peças de R$ 0,10 e R$ 0,25 emitidas em 1995 para celebrar os 50 anos da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês). Sua tiragem foi de 1 milhão.

Merece destaque também a cédula de R$ 10 reais de plástico, comemorativa dos 500 anos de descobrimento. Ela porém não aparece entre as mais valiosas, já que ainda há uma boa quantidade em circulação, e continua valendo.

Moeda de R$ 10 comemorativa dos 500 anos do descobrimento (Crédito:Reprodução/Banco Central)

Histórico do real

A atual moeda oficial do Brasil entrou em circulação em 1 de julho de 1994. Desde então, houve duas mudanças de “famílias”.

No caso das moedas, a troca ocorreu em 1998, com uso de novos metais e mudanças no design para dificultar sua falsificação.

A moeda de R$ 1 real passaria por uma nova mudança em 2003. Como a antiga era muito falsificada, foi elaborado um novo modelo, com um disco dourado ao redor do núcleo prateado. Todas as moedas antigas de R$ 1 tiveram de ser trocadas pela nova. Naquele momento, qualquer instituição financeira estava autorizada a fazer a troca. Hoje, ela apenas é possível no Banco do Brasil.

Anúncio de revista sobre a mudança da moeda de R$ 1 (Crédito:Reprodução/Banco Central)

Em 2006, a nota de R$ 1 real parou de ser produzida, e hoje apenas a moeda nova é emitida. Outra mudança nas cédulas foi a introdução da segunda família em 2010, com diferentes tamanhos de acordo com o valor e recursos de segurança adicionais, como marcas táteis.

Notas da primeira família de cédulas do real (Crédito:Reprodução/Banco Central)

Quase todas as moedas e cédulas de famílias ainda podem ser utilizadas para pagamentos em qualquer estabelecimento. A única de fato descontinuada foi a antiga moeda de R$ 1, que saiu de circulação no final de 2003.

“As cédulas de R$ 1 pararam de ser produzidas em 2006, sendo substituídas gradualmente pelas moedas de R$ 1, que possuem grande vantagem econômica sobre as cédulas, em termos de vida útil, mas as produzidas continuam valendo”, explica o Banco Central.

Como avaliar o valor

Para quem quer adentrar o universo da numismática, Pellizari afirma que o primeiro passo é o estudo. Há livros e catálogos que ajudam a entender como identificar as peças mais escassas.

“Isso vai dar a base para o colecionador saiba o que está adquirindo, para ter uma coleção bem fundamentada, que não deixa de ser também uma reserva de valor para o futuro”, afirma o especialista.

Caso possua moedas antigas e queira apenas descobrir se são valiosas, um caminho possível é buscar orientação profissional. Neste caso, a recomendação é buscar casas consolidadas, clubes de leilão e associações de colecionadores, como a Sociedade Numismática Brasileira, considerada a maior do tipo, com cerca de 1000 membros.