Às vésperas de o open banking começar de fato a funcionar no País, os brasileiros estão preocupados com sua privacidade financeira. Pesquisa feita pela TecBan e pelo instituto Ipsos com homens e mulheres entre 18 e 59 anos mostra que 46% deles estão preocupados com o uso de seus dados financeiros caso utilizem o novo serviço. O porcentual é menor do que os 49% verificados em um levantamento de 2019, mas ainda reflete quase metade da população adulta brasileira.

O open banking é o sistema brasileiro de compartilhamento de informações de clientes, que está em fase de desenvolvimento pelo Banco Central (BC) e pelas próprias instituições financeiras.

A segunda fase do sistema, marcada originalmente para começar em 15 de julho, foi adiada para 13 de agosto. Nessa etapa, as instituições poderão começar a compartilhar dados dos clientes, desde que tenham a anuência deles.

A expectativa é de que, a partir dessa etapa de implantação, comecem a surgir serviços financeiros inovadores, novos aplicativos e a concorrência bancária aumente. O BC tem defendido que isso abrirá espaço para o barateamento de operações financeiras, como a obtenção de crédito.

Na pesquisa feita em junho com mil brasileiros de todas as regiões do País, das classes A, B e C, o Ipsos buscou medir a aceitação do open banking. A TecBan, companhia conhecida por administrar os caixas do Banco24Horas, é controlada por alguns dos principais bancos do País.

Ao serem questionados se teriam “prazer” em compartilhar informações financeiras a provedores terceiros para utilizar serviços ligados ao sistema, apenas 40% responderam afirmativamente. Em 2019, a aceitação era maior, com 44%.

A pesquisa mostra ainda o que mais preocupa os brasileiros adultos no novo mundo de tecnologia financeira que se anuncia. Entre as cinco principais preocupações, 49% citaram os crimes financeiros – mais especificamente, a preocupação de que os dados sejam acessados por criminosos. Outros 46% se preocupam com a forma como os dados serão utilizados, e 43% demonstraram receio com o fato de que os dados perderão o anonimato. No levantamento, 40% citaram preocupação com a falta de proteção dos dados, e 35% disseram ter receio ligado a quem terá acesso às informações.

Na pesquisa, chama também a atenção o fato de 57% dos brasileiros adultos dizerem esperar que o aplicativo do futuro tenha proteção contra fraude, “me conectando a um time de atendimento caso algo seja detectado”.

Essa expectativa ligada à proteção supera até mesmo o desejo, expresso por 50% dos ouvidos na sondagem, que o aplicativo do futuro permita o pagamento de contas – mais do que a funcionalidade, as pessoas estão preocupadas com a segurança.

Tecnologia

Apesar dos receios, a pesquisa sugere que o uso de tecnologia no mercado financeiro e de pagamentos é um caminho sem volta. Isso porque 71% dos adultos disseram se sentir “à vontade” usando novas tecnologias.

A pesquisa mostrou ainda que 73% dos entrevistados disseram que confiariam em um “banco estabelecido” para fornecer serviços ligados ao open banking. Na outra ponta, 46% confiariam em um “banco mais novo” e apenas 4% em “uma nova fintech”.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.