21 Aproveitar uma demanda dos con-sumidores e, de quebra, preservar o meio ambiente. Essa foi a ideia da Honda quando resolveu criar uma motocicleta com motor flex, movido a gasolina e a álcool. O resultado atende pelo nome de CG 150 Titan Mix e ela se converteu na primeira do mundo a ostentar essa tecnologia. ?Há três anos percebemos que o mercado tinha um interesse crescente por esse tipo de produto?, diz José Luiz Terwak, gerente de desenvolvimento de novos produtos da Moto Honda da Amazônia. ?Foi um grande desafio criar esse modelo.? Mal chegou às concessionárias no Brasil e a motocicleta já chamou a atenção de mercados como os Estados Unidos. Mais: ela foi considerada projeto de destaque pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Honda no Japão. Afinal, a motocicleta emite 32,5% a menos de monóxido de carbono do que as tradicionais movidas apenas a gasolina.
 

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22 O que é ter uma linha de crédito responsável? Para alguns, é saber se o dinheiro não estará sendo usado em práticas que desrespeitam a sociedade e o meio ambiente. Para outros, é ir um pouco adiante. O HSBC criou o Capital de Giro SocioAmbiental, que direciona os recursos para as empresas darem o primeiro passo para a modificação do meio social. A ideia é simples: incentivar a aquisição de aparelhos antipoluentes ou que promovam a reciclagem de produtos para evitar o descarte de materiais no meio ambiente. É possível também impulsionar a acessibilidade e utilizar os recursos para instalar elevadores para cadeirantes, por exemplo. ?Os bens adquiridos com essa linha de crédito têm como finalidade a preservação do meio ambiente, a minimização de impactos ecológicos, o bem-estar social e a promoção de negócios sustentáveis?, diz Rodrigo Caramez, diretor de produtos pessoa jurídica do HSBC. As possibilidades de utilização são várias, mas é preciso que todos os produtos adquiridos tenham um selo que comprove ser para uso socioambiental. Para isso, o banco inglês disponibiliza um empréstimo mínimo de R$ 5 mil para as companhias que queiram comprar máquinas e equipamentos que façam o bem ao próximo. O crédito pode ser pago em 12 parcelas e o juro cobrado é metade do praticado em linhas convencionais ? para quem tem o ISO 14.000, a taxa é de 1,79% ao mês. Para evitar desvio de finalidade, o HSBC paga diretamente ao fornecedor do material.
 

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23 A indústria automobilística tem investido, cada vez mais, em tecnologias capazes de diminuir o impacto ambiental dos automóveis. Mas esse desenvolvimento ainda não consegue apagar o passivo acumulado nas últimas décadas. Para tentar melhorar esse histórico de poluição, algumas empresas têm procurado acrescentar práticas socioambientais no seu dia a dia. É o caso da Hyundai Caoa, que reaproveita os resíduos da produção dos veículos e participa do reflorestamento da região Centro-Oeste. Para reutilizar as sobras líquidas da produção, a fábrica de Anápolis (GO) instalou uma moderna estação de tratamento desses resíduos. ?Usamos a água potável para fins mais nobres e contribuímos para a preservação de um recurso finito?, diz Akira Yoshikawa, diretor da Caoa Montadora. Após passar por todo o processo de descontaminação e purificação, essa água volta para a caixa d?água para ser utilizada nos banheiros e na irrigação de jardins e áreas verdes, além de servir de abastecimento para o grande viveiro de mudas instalado no local. A fábrica de 80 mil metros quadrados ocupa uma área de 1,5 milhão de metros quadrados. O restante do terreno abriga a reserva ambiental onde estão mudas de árvores típicas do Cerrado que a Hyundai utiliza para o replantio da vegetação. ?Temos um viveiro de mudas para recompor as áreas degradadas da região?, afirma Yoshikawa.

 

24 Respeitar as florestas e tratar bem os próprios funcionários. Foi esta receita que levou a IndusParquet à liderança nacional no mercado de pisos de madeira e, mais recentemente, rendeu à empresa um relevante papel no Exterior. Fundada em 1970, já com o compromisso de privilegiar madeira certificada ? proveniente de florestas que respeitam rígidos critérios de preservação ambiental ?, a empresa passou a exportar depois de adquirir a certificação do Forest Stewardship Council (FSC), em 2001. ?As regras do Ibama são mais rigorosas que as do FSC, mas o instituto brasileiro não é conhecido lá fora?, diz o diretor da IndusParquet, José Antônio Baggio. O passo para fora do País rendeu um crescimento anual de 30% até 2006. Os anos seguintes foram prejudicados pela crise internacional ? a empresa exporta 70% de sua produção ?, mas a companhia deve se recuperar em 2010 e pretende continuar apostando nas certificações, ainda que elas encareçam o produto final. ?A responsabilidade ambiental tem um custo, mas traz confiança ao cliente?, avalia. O alto padrão de comprometimento social e ecológico habilitou a IndusParquet a fornecer para empresas da estatura de uma Louis Vuitton, cujas lojas exibem pisos de madeira brasileiros, e até para o Vaticano. Recentemente, a IndusParquet participou da construção do Museu da Música de Amsterdã e da casa da atriz norte-americana Jennifer Aniston. 

 

25 A Intelcav provou que até o cartão de crédito pode ser sustentável. A empresa gaúcha, criada há dez anos e hoje a oitava maior fabricante de cartões do mundo, está utilizando garrafas pet recicladas como matéria-prima. Em fevereiro deste ano, a Intelcav alcançou a marca de 100 mil cartões produzidos a partir da reciclagem de garrafas plásticas. O parceiro do projeto é o Bradesco, que destina os cartões ao seu programa Fundação Amazônia Sustentável Bradesco MasterCard. Apesar de a produção sustentável ainda representar uma pequena parcela em relação a produção total de 15 milhões de cartões por mês, a iniciativa garantiu à empresa, em 2009, o prêmio Eco, que destaca as melhores ações de sustentabilidade nas companhias. ?Isso é só o começo?, diz Fernando Castejon, presidente da Intelcav. A empresa também aposta em cartões de PVC reciclado e feitos de materiais biodegradáveis.
 

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26 A Itaipu Binacional é a empresa que comanda uma das maiores usinas hidrelétricas do planeta. Apesar disso, a direção da estatal está investindo pesado para transformar agricultores, granjeiros e até companhias de saneamento básico do Paraná em produtores de energia. O que, à primeira vista, parece um contrassenso, já que a Itaipu está investindo na formação de concorrentes, é, na verdade, a espinha dorsal do plano de sustentabilidade de Itaipu. ?Os resíduos da criação de animais, as sobras de produção agrícola e o esgoto são os principais responsáveis pela poluição, que colabora para a proliferação de algas e plantas aquáticas em nossos reservatórios?, argumenta Cícero Bley Júnior, superintendente de energias renováveis de Itaipu. ?E isso, no longo prazo, poderá comprometer o funcionamento da usina?, completa. O trabalho conduzido pela área de pesquisa de Itaipu deve consumir R$ 6 milhões e, neste ano, ele inclui uma nova linha de atuação: a extração de gás metano a partir da decomposição de sobras da produção agrícola. Além de gerar energia para a propriedade, com a possibilidade de vender o excedente para as concessionárias, a ideia é usar o biogás também para abastecer motores de veículos e tratores.

 

27 A partir deste ano, os clientes do Banco Itaú que não quiserem receber suas faturas pelo correio ganharão pontos para serem acumulados e trocados por prêmios ainda não definidos. Nas agências e prédios administrativos, os móveis que estão sendo trocados serão doados; os materiais plásticos, reciclados. O banco também lançará, até dezembro, um site voltado para a educação financeira de crianças. O curioso é que todas essas ideias, que aliam preocupações ambientais, sociais e econômicas aos negócios da instituição financeira, foram dadas por seus próprios funcionários. A iniciativa é resultado do Banco de Ideias Sustentáveis, ação criada em abril de 2009 para estimular os 100 mil empregados a pensar em maneiras de aplicar o conceito de sustentabilidade no dia a dia do banco. ?O objetivo foi estimular a reflexão de todos na busca por melhorias de processos e produtos dentro da empresa?, afirma Ricardo Terenzi, diretor de relações institucionais do Itaú. No total, 1.386 sugestões foram enviadas pelos colaboradores (500 apenas na primeira semana de divulgação). Cada funcionário participa com uma ou mais ideias em três categorias: ecoeficiência, finanças sustentáveis e públicos de relacionamento. Os donos das ideias vencedoras ganharam uma viagem para a Praia do Forte, na Bahia, e um vale-jantar. As demais sugestões farão parte de uma biblioteca virtual aberta para consulta.

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28 Poucas empresas são tão identificadas com sua logomarca qunto a Lacoste. A imagem do crocodilo ? apelido do ex-tenista René Lacoste, fundador da marca ? hoje é imediatamente relacionada à grife francesa, famosa por suas camisas polo. Não é para menos. A Lacoste exibe o tradicional crocodilo em suas roupas desde 1933 e, para não perder seu principal ativo, tem investido em diversas campanhas de preservação da natureza, especialmente as relacionadas ao seu animal-símbolo. Atualmente, o foco da empresa é o projeto Save Your Logo (ou salve o seu logo, numa tradução livre para o português), em que instituições privadas contribuem para a preservação de determinados animais que representam suas marcas. Em 2010, devem ser investidos mais de US$ 1,5 milhão em ações que vão da Amazônia ao Nepal. ?Meu pai gostava muito do apelido ‘Crocodilo’, tanto que adotou o animal como símbolo da marca ainda nos anos 1930. Hoje o crocodilo faz parte de nossa história e de nossa identidade. Baseado nisso, pode-se ter uma noção do respeito que temos por eles?, diz Michel Lacoste, presidente da empresa e um dos mais engajados na campanha.
 

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29 Em janeiro deste ano, o Instituto Lojas Renner, organização mantida pela rede de lojas de departamento gaúcha, entrou para o rol dos maiores incentivadores da leitura no País. É que a empresa de varejo acaba de financiar a abertura de 140 bibliotecas em ONGs localizadas em comunidades de baixa renda. O acervo inicial de cada coleção é de 200 livros, entre obras de Machado de Assis, Camões, Pablo Neruda, Dostoievski, entre outros. ?Não queríamos uma campanha tradicional e nem simplesmente doar o acervo à comunidade. Queríamos criar algo que gerasse vínculos?, conta Jair Kievel, gerente de responsabilidade social das Lojas Renner. Cada biblioteca contará com campanhas de incentivo à leitura para mulheres, em especial as que são mães. É que, de acordo com uma pesquisa a que a Renner teve acesso, são elas as figuras que mais influenciam as crianças a gostar de ler na escola. Os cerca de 360 voluntários envolvidos no projeto trabalham na Renner. A empresa adotou uma política de liberar os funcionários que querem se envolver em projetos sociais por até quatro horas por mês. Além desse projeto, o instituto também mantém programas de capacitação de jovens e de apoio à inserção de mulheres no mercado de trabalho. No ano de 2009, a cadeia faturou cerca de R$ 3 bilhões, um crescimento de 7% em relação a 2008.

 

30 Após passar anos brigando com ambientalistas e sendo alvo de protestos, o Grupo Maggi, de propriedade do governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, decidiu mudar o foco de seus negócios e, definitivamente, radicalizou na estratégia. Na década de 1990, a companhia era a maior produtora de grãos do País, com uma área de 220 mil hectares, o que equivale a um perímetro 40% maior do que o do município de São Paulo. Mas foi em 1995 que os rumos começaram a mudar e, naquele ano, aconteceu o último desmate. Desde então, a empresa nunca mais cortou uma árvore e, mesmo assim, continuou crescendo de forma agressiva. Saltou de um faturamento de
US$ 100 milhões para quase US$ 2 bilhões nesse período. Hoje, a área plantada é menor do que no passado: 204,5 mil hectares, o que significou uma redução de uma área equivalente a 4.600 campos de futebol. ?Agregamos valor, desenvolvemos produtos e melhoramos nossa comercialização, além de possuirmos uma área de trading muito maior?, revela Pedro Jacyr Bongiolo, presidente da empresa. Segundo Paulo Adário, presidente do Greenpeace, a Maggi se tornou referência no setor. Isso porque, além de modificar seu modelo de gestão, cobra a mesma postura de seus parceiros. Quem desmata  não fornece grãos para o grupo nem recebe financiamento.
 

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