O crédito tem sido a principal causa do endividamento da população brasileira. Segundo a pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com a Offerwise, 55% dos entrevistados não fazem controle dos gastos mensais com cartão de crédito. Destes, 80% que utilizam o rotativo, não sabem a taxa de juros cobrada mensalmente.

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O levantamento aponta que nos últimos 12 meses a modalidade foi utilizada por 78% dos entrevistados, sendo 69% dos consumidores usando mensalmente e 23% a cada 2 ou 3 meses. Os produtos e serviços mais comprados são roupas, calçados e acessórios (58%), seguido de remédios (47%), supermercado (44%) e eletrodomésticos (43%).

De acordo com o educador financeiro e diretor da Multimarcas Consórcios, Fernando Lamounier, a modalidade é vista como um valor adicional ao orçamento mensal dos brasileiros.

“As pessoas vêm utilizando o cartão de crédito para compras do dia a dia e a capacidade de parcelamento levou-as a acreditar que ao dividir uma compra a dívida fica menor, quando na realidade, antecipa as dívidas do próximo mês. A modalidade deve ser evitada e se caso utilizada não realizar o parcelamento, e sim o pagamento à vista para não correr juros”, explica.

Dos entrevistados, 51% utilizam o cartão de crédito para compras online, 45% quando precisa parcelar e 36% quando o valor da compra é alto. Entre as razões para não usar o meio de pagamento, estão a preferência de pagar à vista (31%), seguido de não ter cartão (19%) e o risco de compras por impulso (19%).

Considerando as principais vantagens em utilizar o meio de pagamento, os consumidores afirmam que é o poder de parcelar as compras (48%), seguido do prazo para pagamento (40%), fazer compras online (36%) e poder comprar mesmo sem dinheiro (30%).

“Agir pela impulsividade não colocando a dívida em perspectiva de longo prazo é o erro do consumidor. A falta de conscientização de finanças na realidade do brasileiro abre brechas para gastos desnecessários”, destaca Lamounier.

A pesquisa também analisou o empréstimo pessoal e revelou que nos últimos 12 meses 25% dos entrevistados contrataram a modalidade e 17% contrataram empréstimo consignado em bancos. O principal motivo para contratação foi o pagamento de dívidas em aberto (32%), seguido de pagamentos de contas de consumo do dia a dia (17%) e imprevistos com manutenção de automóvel/moto (11%).

Nos últimos 12 meses, 22% dos consumidores utilizaram o cheque especial, sendo 41% usando todos os meses, 33% a cada 2 ou 3 meses e 19% usaram 3 vezes no ano ou menos. Os motivos da utilização foram doenças (26%), pagamento de contas que estavam a vencer (24%), descontrole das contas (22%), compra de mantimentos para a casa (18%) e dívidas em atraso (16%).

Para o especialista, a educação financeira é a solução: “É necessário que a educação financeira seja cada vez mais incentivada. A consciência de gastos e o planejamento para realização de grandes projetos beneficia não apenas o detentor do dinheiro, mas todos ao seu redor”.

Lamounier ressalta que para se ter uma vida financeira saudável e não entrar no vermelho por conta das modalidades disponíveis pelos bancos é importante seguir alguns passos, como mapear a renda total, separar as despesas fixas no seu orçamento, esquematizar as despesas variáveis e organizar as dívidas.