04/12/2024 - 10:00
Cerca de 8,7 milhões de brasileiros saíram da pobreza entre 2022 e 2023, apontam dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O percentual de pessoas abaixo da linha definida pelo Banco Mundial — de em torno de R$ 665 por mês — caiu de 31,6% para 27,4%.
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O total de pessoas pobres no país segundo o critério adotado passou de 67,7 milhões para 59 milhões. É a menor quantidade e o menor percentual da série histórica, iniciada em 2012.
A quantidade de pessoas em extrema pobreza também chegou a quantia e a proporção mais baixa, de 4,4%, o que corresponde a cerca de 9,5 milhões. Cerca de 3,1 milhões de pessoas saíram da extrema pobreza. Em 2022, o total foi de 12,6 milhões. Entram nesta classificação pessoas com renda inferior a R$ 209 por mês.
O estudo do IBGE destaca que o índice de Gini, utilizado para medir a concentração de renda, manteve o mesmo valor de 2022: 0,518. Quanto mais próximo de 1 ponto no indicador, maior é a desigualdade na região.
A manutenção do índice demonstra que a diminuição da pobreza não reduziu a desigualdade. Ainda segundo o IBGE, foram os benefícios de programas sociais que impediram um aumento do Gini. Se não existissem esses benefícios, o Índice teria passado para 0,555.
Se os programas sociais do governo federal não tivessem sido implementados, a taxa de pessoas em extrema pobreza em 2023 teria aumentado de 4,4% para 11,2%. Além disso, a porcentagem da população em situação de pobreza teria subido de 27,4% para 32,4%.
Em 2023, no Brasil, a renda total dos 10% mais ricos foi 3,6 vezes superior à dos 40% mais pobres. Veja a evolução da pobreza ao longo dos anos no gráfico abaixo:
59 milhões ainda vivem com menos de R$ 22 por dia
O critério adotado para traçar as linhas foi formulado a partir de critérios dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas e recomendações do Banco Mundial. A pobreza extrema e a pobreza são definidas por um rendimento médio mensal de R$ 209 e R$ 665 por pessoa em 2023, conforme mencionado anteriormente.
As faixas partem respectivamente dos valores de US$ 2,15 e US$ 6,85 por dia, convertidos pelo método de Paridade de Poder de Compra (PPC). Essa metodologia leva em consideração o valor necessário para adquirir a mesma quantidade de bens e serviços no mercado interno de cada país, em comparação com os Estados Unidos, sem considerar a taxa de câmbio de mercado.
Assim, os 59 milhões abaixo da linha da pobreza ainda vivem com rendimentos de R$ 22,17 por dia. Já os 9,5 milhões na extrema pobreza possuem ganhos de no máximo R$ 6,97 por dia.
Gênero, idade e raça ampliam desigualdade
Os dados demonstram no entanto a prevalência das desigualdades de raça e gênero no país. Enquanto 17,7% dos brancos estão na pobreza e 2,6% na extrema pobreza, pretos e pardos pobres são 30,8% e 35,5% respectivamente. Extremamente pobres são 4,7% e 6%. No marcador de gênero a diferença é menor.
A faixa etária mais pobre compreende os 0 a 14 anos, com 44,8% pobres e 7,3% extremamente pobres. Em contraposição, idosos com 60 ou mais possuem as menores proporções de pobres (11,3%) e extremamente pobres (2%).