08/07/2025 - 15:37
A plataforma de delivery 99Food divulgou a previsão de começar a operar na cidade de São Paulo em agosto, após desembarcar no Brasil inicialmente em Goiânia, em junho. Segundo o diretor-geral da 99 no Brasil, Simeng Wang, a empresa pretende estar presente em cerca de 100 cidades em “meados de 2026”.
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Em seus contratos com restaurantes, a empresa tem adotado cláusulas restritivas com alguns estabelecimentos estratégicos. Os acordos não são padronizados, porém há versões que impedem o cadastro em plataformas concorrentes, como Rappi e Keeta, ou até limitam o número de unidades da rede que podem ter exclusividade com o iFood na mesma cidade. Como contrapartida, são oferecidos incentivos financeiros.
“A gente não faz semi-exclusividade com todos os restaurantes, mas tem alguns contrato desse tipo”, esclarece o diretor de comunicação da empresa, Bruno Rossini, à IstoÉ Dinheiro. “É uma estratégia para um restaurante que a gente entende que é relevante naquela cidade, que vai ter um peso importante na plataforma ou pode atrair negócios.”
“A gente está no Brasil hoje de uma forma muito corajosa, desafiando um monopólio, desafiando um setor que funciona com essas regras há muitos anos, investindo pesado, mudando as regras do jogo com objetivos muito simples: devolver o poder econômico para quem faz esse mercado girar, que são os restaurantes e os entregadores, e oferecer a oferta mais acessível de comida pros consumidores finais. Esse é o nosso grande objetivo”, diz Rossi.
O diretor da 99Food destaca ainda que a iniciativa está totalmente de acordo com a regulamentação estabelecida pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
“A 99 está entrando para brigar nesse mercado contra players com um histórico conhecido anticoncorrencial, de práticas que estão sob punição. As nossas ações são legalmente reconhecidas, permitidas tanto pela legislação quanto pelos órgãos de defesa econômica”, diz Rossi.
Guerra do delivery
Entre o fim de abril e o início de maio, três aplicativos de delivery anunciaram investimentos bilionários para disputar o mercado de entrega de comida brasileiro. Além do bilhão da 99Food, o Rappi anunciou que investirá R$ 1,4 bilhão ao longo dos próximos três anos. Já a Keeta desembarca no país com R$ 5,6 bilhões.
O momento de acirramento das disputas no setor ocorre após o líder do delivery de comida no Brasil, o iFood, ser proibido no final de 2023 de fechar contratos de exclusividade com redes com mais de 30 restaurantes. A norma foi estabelecida pelo Cade, junto com um conjunto de regras para cercear práticas anticompetitivas no setor.
Na disputa por espaço, as quatro empresas estão em uma corrida de anúncios de benefícios para os estabelecimentos e para os entregadores, com medidas como redução de taxas para os restaurantes e aumento da remuneração de motoqueiros e ciclistas.
A volta da 99Food
A 99 havia encerrado suas operações de entrega de comida no país em 2023, quando manteve apenas o aplicativo 99Moto, de entregas gerais, em funcionamento. O investimento anunciado pela empresa em seu retorno é de R$ 1 bilhão.
Para atrair restaurantes, a 99Food anunciou isenção de taxas por um período de dois anos. Já para os entregadores, divulgou uma remuneração mínima de R$250 para quem realizar 20 serviços, sendo 5 de entrega de comida.
Outra medida anunciada pela 99 é uma parceria com a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), para fornecer ações de capacitação de empreendedores e colaboradores do setor, realização de estudos e pesquisas de mercado.
Em abril, a 99Food abriu cadastro para restaurantes em todo o país. Seu funcionamento, no entanto, iniciará progressivamente. O aplicativo já está em operação em Goiânia e, após a capital de São Paulo, deverá começar a funcionar no Rio de Janeiro.