Por Manas Mishra e Neha Arora

BENGALURU/NOVA DÉLHI (Reuters) – Um estado da Índia registrou um número de mortes de Covid-19 muito maior do que o inicialmente apontado após a descoberta de milhares de casos não relatados, dando credibilidade à suspeita de que o número total de óbitos do país seja consideravelmente maior do que a cifra oficial.

Os hospitais indianos ficaram sem leitos e oxigênio durante uma segunda e devastadora onda do coronavírus em abril e maio. Muitas pessoas morreram em estacionamentos de hospitais e em casa.

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Muitas destas mortes não foram registradas em contagens da Covid-19, disseram médicos e especialistas de saúde.

A Índia tem a segunda maior quantidade de infecções de Covid-19 do mundo, só ficando atrás dos Estados Unidos, acumulando 29,2 milhões de casos e 359.676 mortes, de acordo com dados do Ministério da Saúde.

Mas a descoberta de vários milhares de casos não relatados no Estado de Bihar aumentou a suspeita de que muito mais vítimas do coronavírus não tenham sido incluídas nas cifras oficiais.

O departamento de saúde de Bihar, um dos Estados mais pobres da Índia, revisou seu número total de mortes relatadas de Covid-19 de cerca de 5.424 para mais de 9.429 na quarta-feira.

As fatalidades recém-relatadas aconteceram no mês passado, e autoridades estaduais estão investigando o lapso, disse uma autoridade de saúde distrital, culpando hospitais particulares pelo descuido.

“Estas mortes ocorreram 15 dias atrás e só foram registradas agora no portal do governo. Ações serão adotadas contra alguns dos hospitais particulares”, disse o funcionário, que não quis se identificar por não estar autorizado a falar com a mídia.

Especialistas de saúde dizem acreditar que tanto as infecções quanto as mortes de Covid-19 estão sendo consideravelmente subestimadas em todo o país, em parte porque as instalações de exames são raras em áreas rurais, onde dois terços dos indianos moram, e os hospitais são poucos e distantes uns dos outros.

Muitas pessoas adoecem e morrem em casa sem fazer exames de coronavírus.

Como muitos crematórios têm dificuldade de lidar com a onda de mortes dos últimos dois meses, muitas famílias depositam corpos no Rio Ganges sagrado ou as enterram em covas rasas em suas margens.

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