O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, destacou nesta quinta-feira, 26, que o superávit de US$ 435 milhões nas contas externas em junho foi o quarto mês consecutivo de resultados positivos nas transações correntes. Ele ponderou, no entanto, que o resultado foi inferior ao superávit de US$ 1,328 bilhão de junho de 2017.

“Em junho, houve uma redução no superávit comercial ainda decorrente dos efeitos da greve dos caminhoneiros nas duas primeiras semanas do mês. Impacto se deu nas exportações, que desaceleraram seu crescimento no começo do mês”, completou.

Rocha também apontou que houve uma redução nas despesas líquidas com viagens internacionais. “Esse é um movimento esperado que acompanha a evolução da taxa de câmbio. O aumento do dólar torna as viagens dos brasileiros mais caras”, afirmou.

Segundo ele, os cancelamentos de voos – devido à falta de combustível de aviação durante a greve dos caminhoneiros – não tiveram muito efeito sobre a conta de viagens. Rocha alegou que as incertezas sobre a economia a partir da greve também ainda não tiveram influência nas despesas com viagem.

“A taxa de câmbio tem uma correlação rápida com os gastos de viagens. Já a renda corrente e as perspectivas futuras sobre a renda têm um impacto mais demorado sobre a conta de viagens”, explicou.

Julho

Rocha disse que, após a entrada de Investimentos Diretos no País (IDP) de US$ 6,533 bilhões em junho, esse valor deve cair neste mês. Até 24 de julho, os ingressos de IDP somaram US$ 2,8 bilhões, e a estimativa do BC é a de que a entrada de investimentos chegue a US$ 4 bilhões no mês. “Se isso ocorrer, a entrada de IDP será da mesma magnitude de julho do ano passado”, afirmou.

Segundo Rocha o saldo negativo na conta de viagens internacionais é de US$ 946 milhões até o dia 24 de julho. Isso decorre de gastos no exterior de US$ 1,258 bilhão no mês e receitas de US$ 312 milhões. Rocha destacou ainda que as despesas com viagens internacionais cresceram 10,2% de janeiro a junho, na comparação com o mesmo período do ano passado.

“Ainda há um crescimento nas despesas com viagens no primeiro semestre, mas em maio e junho já houve uma desaceleração nesse ritmo devido à depreciação do real em relação ao dólar”, completou.

Rocha disse que o saldo na conta de juros em julho foi negativo em US$ 2,789 bilhões, até o dia 24. Em junho, o déficit nessa conta foi de US$ 823 milhões.

“Meses de janeiro e julho são meses de pagamento de títulos no País. Por isso a conta de juros em julho sempre é mais alta”, explicou.

Já a conta de lucros e dividendos ficou negativa em US$ 823 milhões em julho, até o dia 24. Em junho, a saída líquida havia sido de US$ 1,330 bilhão.