A decisão de Ana Amélia (PP-RS) de ser vice do presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB) mexeu com o cenário político gaúcho e isolou o pré-candidato ao governo pelo PP, Luiz Carlos Heinze. Com a escolha da senadora, partidos que compunham a aliança de Heinze ameaçam sair da coligação. O PP ofereceu a Heinze a candidatura ao Senado na chapa de Eduardo Leite (PSDB), em troca da desistência do pepista de concorrer ao governo do Estado.

Em reunião na tarde de sexta-feira, 3, os presidentes locais do DEM, PSL e PROS, partidos coligados a Heinze, anunciaram que, caso ele não seja mesmo candidato ao governo, o grupo sairá da aliança.

Segundo o presidente estadual do DEM, deputado federal Onyx Lorenzoni, a decisão se deu para manter um palanque para Jair Bolsonaro (PSL-RJ) no Estado, já que o pré-candidato do PP havia anunciado apoio ao presidenciável. Os partidos vão lançar a presidente estadual do PSL, Carmen Flores, ao Senado.

Ana Amélia não era a favor do apoio a Bolsonaro, e o próprio PP gaúcho classificou a decisão de Heinze de apoiar o presidenciável do PSL como “pessoal”. Por isso, Onyx culpou a senadora pelo fim da coligação. “Ela tem o direito de escolher esse caminho, mas a senadora se dedicou a tentar destruir o palanque de Bolsonaro no Estado.”

‘Megapressão’

Onyx afirmou ainda que Heinze sofreu “megapressão” do diretório nacional do PP e que isso reduziu o apoio à candidatura dele ao governo. “Ofereceram o céu para ele (Heinze) concorrer ao Senado na chapa do Leite. É aquele velho jogo político do Centrão.”

Em nota divulgada na noite de quinta-feira, Heinze disse ter sido “surpreendido” com a decisão de Ana Amélia e não confirmou sua desistência ao Palácio Piratini. “A princípio, está mantida a candidatura ao governo do Estado do Rio Grande do Sul. No entanto, não é descartada qualquer possibilidade, inclusive de não concorrer a qualquer cargo eletivo no pleito deste ano”, informou.

A reportagem procurou Heinze na sexta-feira, mas não obteve resposta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.