26/09/2018 - 12:54
Apesar de não ter sido denunciada ao lado do marido, o ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB), a ex-secretária de Estado da Família Fernanda Richa continua na mira da Operação Radiopatrulha, afirmou o promotor do Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Curitiba Leonir Batisti. A acusação foi apresentada nesta terça-feira, 25, contra Beto Richa, candidato ao Senado, por corrupção e fraude a licitação.
A acusação da Promotoria alcança ainda outros 12 investigados da Operação Radiopatrulha, entre eles o irmão do ex-governador Pepe Richa, o primo Luiz Abi Antoun e o ex-chefe de gabinete Deonilson Roldo. A Radiopatrulha investiga desvios no Programa Patrulha Rural em contratos de manutenção de estradas rurais.
Beto e Fernanda foram presos no dia 11, por ordem do juiz Fernando Fischer, da 13ª Vara Criminal de Curitiba, onde tramita o caso Radiopatrulha. No dia 14, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo, mandou soltar o casal.
Segundo informações da Promotoria, a denúncia levada à Justiça nesta Terça-feira não impede a abertura de novos inquéritos para investigar organização criminosa, obstrução de justiça, lavagem de dinheiro, peculato e outros crimes licitatórios.
“Nós vamos prosseguir com as apurações e nesse momento a ex-secretária (Fernanda) ficou fora da denúncia porque ainda vamos continuar a apuração dos crimes, principalmente de obstrução, lavagem, uma maior verificação de organização criminosa, que depende de outros parâmetros, e de falsidade documental”, disse o promotor Leonir Batisti.
O Ministério Público também segue investigando os alvos da Radiopatrulha por peculato. “Não está fora de questão que estes que são denunciados não possam ser denunciados de novo.”
Defesas
A defesa de Beto Richa se manifestou sobre o assunto. “A denúncia oferecida pelo Ministério Público do Estado do Paraná (MPE-PR) contra o ex-governador Beto Richa, assim como a prisão temporária decretada no dia 11 de setembro, é baseada única e exclusivamente em termos de depoimento de colaborador premiado já conhecido do Poder Judiciário paranaense, sem qualquer base em provas de suas falaciosas alegações. Ainda mais grave, sem a mínima diligência investigativa por parte do próprio MPE-PR ou da Polícia Civil para fins de verificar as ilações feitas pelo delator. Contudo, permanece a confiança na Justiça, que, em tempo certo, restabelecerá a verdade e a honra da família Richa.”
O advogado Marlus Arns, que defende Ezequias Moreira Rodrigues se manifestou por meio de nota: “A defesa de Ezequias Moreira Rodrigues, representada pelo advogado Marlus Arns de Oliveira, informou que apresentará sua defesa nos autos demonstrando que não são verdadeiras as acusações.”
Bueno Brandão, que defende Celso Frare, informou que seu cliente “concedeu um depoimento esclarecedor ao Ministério Público do Paraná, bem como por iniciativa própria solicitou e realizou depósito de ressarcimento de eventuais danos aos cofres públicos. O empresário segue à disposição das autoridades para prestar os esclarecimentos necessários. Fundamental destacar a grave contradição da denúncia do MP, baseada em colaboração de Tony Garcia que cita pagamentos ilícitos no montante de R$ 700 mil, ao sustentar valores em torno de R$ 8 milhões”.
O advogado Douglas Copetti, que defende Emerson e Robison Savanhago se manifestou “no sentido de que os clientes estarão à disposição para contribuir com a Justiça. A defesa ainda não foi intimada de denúncia, momento no qual vamos conseguir rebater os fatos imputados a eles. A defesa também se manifesta sobre a decisão do ministro Gilmar Mendes em revogar a prisão dos réus, que veio colaborar com a legalidade uma vez que o pedido efetivado pelo Ministério Público do Paraná, por intermédio do Gaeco, estava eivado de ilegalidade. A prisão na modalidade coercitiva já foi declarada ilegal. Os réus em momento algum foram intimados a depor no Ministério Público antes da prisão temporária.”
A advogada Marina Favretto, que defende André Felipe Denig Bandeira, diz que a denúncia “é totalmente desproporcional e, quanto ao meu cliente, desprovida de provas suficientes para embasá-la. Esperamos que o judiciária tenha bom senso em rejeitá-la.”
A reportagem fez contato com a defesa Deonilson Roldo. O espaço está aberto para manifestação.