28/09/2018 - 13:54
A taxa de desemprego recuou em agosto devido a uma expressiva geração de vagas, mas a qualidade do emprego ainda é insatisfatória, avaliou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A taxa de desocupação no País passou de 12,7% no trimestre encerrado em maio para 12,1% no trimestre terminado em agosto. Foram criados 1,195 milhão de postos de trabalho no período, enquanto o total de desempregados encolheu em 529 mil pessoas, dessa vez sem a ajuda da fuga para o desalento. O total de desalentados diminuiu em 21 mil pessoas no trimestre.
“Há uma queda expressiva da taxa de desocupação. A taxa cai por conta do aumento da ocupação, consequentemente reduz o numero de pessoas procurando trabalho. É um ponto positivo. A taxa de desocupação reduz, e isso não tem efeito de aumento do desalento”, observou Azeredo.
O pesquisador pondera que o desalento ainda influencia o resultado na comparação anual, com 555 mil pessoas a mais nessa condição. Além do desalento, em relação ao trimestre encerrado em agosto de 2017, também há 548 mil pessoas a mais trabalhando menos horas do que gostariam. A população subocupada por insuficiência de horas trabalhadas alcançou o recorde de 6,711 milhões no trimestre até agosto de 2018.
Segundo Azeredo, o nível de ocupação – que mostra a proporção de pessoas ocupadas dentro do total de brasileiros em idade de trabalhar – mostra que a geração de vagas aumentou apenas o suficiente para absorver o crescimento demográfico no período. O nível da ocupação passou de 54,0% no trimestre até agosto de 2017 para 54,1% no trimestre até agosto de 2018. Em um ano, o País abriu 1,020 milhão de postos de trabalho, sendo 435 mil deles sem carteira assinada no setor privado.
Para Azeredo, a situação no mercado de trabalho é desfavorável, com alta na informalidade, mas ainda é melhor que aumento no desemprego. “Prefiro estar na informalidade do que no desemprego. Pelo menos estou trabalhando, estou fazendo renda. É uma situação desfavorável, mas é melhor que desemprego”, disse o coordenador do IBGE. “A carteira de trabalho é sem dúvida grande vilão do mercado de trabalho. Perdeu quatro milhões em quatro anos e até agora não teve recuperação desse processo”, completou.
Os dados da pesquisa mostram uma abertura de 193 mil vagas formais no setor privado no trimestre encerrado em agosto ante o trimestre terminado em maio, alta de 0,6% no contingente de empregados com carteira assinada. No entanto, o IBGE ressalta que o aumento não é estatisticamente significativo por estar dentro da margem de erro da pesquisa. “Tem desaceleração no ritmo de perda da carteira. Gerar postos de trabalho com carteira isso a gente não tem”, concluiu Azeredo.