A pouco mais de três meses de assumirem seus mandatos, deputados e senadores eleitos no dia 7 já iniciaram uma corrida por gabinetes no Congresso para tentar garantir os mais bem localizados ou com mais espaço. Para isso, começaram a vir a Brasília para conhecer o novo ambiente de trabalho e escolher onde vão se instalar.

Um dos gabinetes mais disputados é o do candidato à Presidência pelo PSL, deputado Jair Bolsonaro (RJ). De acordo com assessores, já há uma fila de novatos do partido querendo ocupar a cadeira do capitão reformado. O interesse se dá justamente por ser o local de trabalho do presidenciável, já que a sala não está em uma área nobre. Ela fica em um dos anexos da Câmara, local apelidado por funcionários e parlamentares de “puxadinho” ou “chiqueirinho”. Esses gabinetes não têm banheiros privativos e são menores.

Apesar da procura, a sala de Bolsonaro não poderá ser entregue a qualquer deputado. A distribuição dos gabinetes segue regras já determinadas pela Casa. Os deputados reeleitos têm prioridade na escolha. Eles podem manter os atuais gabinetes ou escolher outros. Ex-presidentes da Câmara, ex-parlamentares que tenham sido titulares de mandatos, suplentes que tenham exercido o cargo por mais de um ano, pessoas com dificuldade de locomoção ou com necessidades especiais, quem tem mais de 60 anos, mulheres e cônjuges, pais, filhos ou irmãos de deputados podem escolher qual gabinete querem ocupar. Os que sobrarem são sorteados entre os demais parlamentares. Após a definição, é comum que os próprios deputados troquem de gabinete entre si.

Quem ficar com a sala de Bolsonaro poderá ter como vizinho o filho do presidenciável, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que foi o campeão de votos das eleições deste ano.

Diferentemente da Câmara, a distribuição de gabinetes no Senado passa pelo crivo do presidente da Casa, Eunício Oliveira (MDB-CE), que não foi reeleito. É a ele que os senadores precisam recorrer para garantir seus espaços.

Eleito senador por Goiás, o apresentador de TV Jorge Kajuru (PRP) pediu a assessores que sondassem e medissem o gabinete de Zezé Perrela (MDB-MG), que deixará o cargo no fim do ano.

O gabinete do mineiro é cobiçado pela ótima localização – está próximo da entrada do plenário, fica ao lado do gabinete da presidência da Casa e tem vista para a Praça dos Três Poderes.

Outro gabinete que já é alvo de interesse e também ficará vago é o do senador Romero Jucá (MDB-RR). Embora esteja localizado em um dos anexos do Senado, longe do plenário, é mais espaçoso do que a maioria das salas e conta com acesso direto para a garagem, privilégio de poucos. Com mais quatro anos de mandato, o senador Lasier Martins (PSD-SP) é um dos que estão de olho no local.

Aliado de Bolsonaro, Major Olímpio (PSL-SP) também já tem seu preferido – ele quer o gabinete que pertencia a Aloysio Nunes (PSDB-SP), hoje ministro do Itamaraty, conforme antecipou a Coluna do Estadão.

Além destes, gabinetes que ficam na torre principal do Senado, como o de Aécio Neves (PSDB-MG), eleito deputado, ou que ficam próximos às comissões, como o de José Agripino (DEM-RN), também estão entre os preferidos.

Lideranças

Outra disputa que se inicia, principalmente na Câmara, é a por espaços para as lideranças partidárias. Atualmente, 25 siglas ocupam 58 salas da Casa. Eles não precisam pagar pela ocupação dos espaços e os locais são distribuídos de acordo com o tamanho de cada sigla. Com o crescimento exponencial na próxima legislatura, o PSL já está de olho em gabinetes nobres.

A legenda, que terá 52 deputados, ocupa hoje uma sala provisória. A intenção é migrar para uma área próxima ao gabinete da Presidência da Câmara, onde estão atualmente as lideranças do MDB e do DEM. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.