14/11/2018 - 11:00
O presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, diz estar otimista com as perspectivas do Brasil como não ficava “há uma década”. Segundo ele, passadas as eleições, há uma grande perspectiva de o País alcançar reformas importantes, como a da Previdência e a simplificação tributária, o que levaria à retomada do caminho para um crescimento mais sólido. O executivo diz que tem percorrido o Brasil todo e já tem visto muitos empresários tirando projetos que estavam parados na gaveta. Lazari concedeu a seguinte entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado:
O Brasil acabou de sair de uma eleição extremamente polarizada, com a vitória do candidato que era mais bem visto pelo mercado financeiro. O que podemos esperar do governo Bolsonaro?
Apesar de as eleições terem sido polarizadas, a vontade popular se estabeleceu. Temos agora de trabalhar juntos, independente do candidato escolhido, para implementar o que queremos para o País. Essa agenda, quando falamos de reforma da Previdência, disciplina fiscal, simplificação tributária e independência do Banco Central, já não é uma pauta de uma pessoa, mas do Brasil e do povo, para que o País possa entrar num caminho de crescimento. Estou otimista com as perspectivas do Brasil para os próximos anos como não ocorria há uma década.
Há aparentemente uma onda de otimismo após as eleições, com instituições projetando crescimento maior do PIB e empresários anunciando investimentos. O que o sr. acha que vai acontecer com a economia brasileira?
Talvez o pior já tenha passado. Vemos uma expansão positiva no crédito para grandes empresas, algumas empresas já procurando captar recursos, seja no mercado de capitais, seja nas linhas tradicionais de banco para fazer investimentos, melhorando o nível de emprego. A expectativa de todos está muito positiva. Tenho viajado o Brasil inteiro. O que eu posso observar de todos os empresários com quem conversei é uma expectativa muito grande de investimentos, pois eles estavam na gaveta, e hoje já vemos muitas empresas, como as da construção civil, da indústria pesada, de vários segmentos, tirando esses projetos da gaveta.
E o que seria necessário agora para esses investimentos realmente saírem da gaveta?
Tudo é confiança de que o empresário vai poder produzir, confiança de quem vai comprar. Não existe só um fator. A expectativa de uma reforma da Previdência, simplificação fiscal, BC independente, para que tenhamos a condução da política econômica de forma contundente, isso tudo gera um clima de maior confiança das pessoas. Com as pessoas confiantes, a roda da economia, da prosperidade se movimenta.
Não há riscos a esse otimismo? O presidente eleito enviou algumas mensagens não tão favoráveis ao mercado, ao atacar parceiros comerciais importantes, como a Argentina e a China…
Nós temos parceiros comerciais importantes e o Brasil precisa se aproximar cada vez mais deles, pois somos grande exportadores de commodities, como minério e alimentos, e é impossível no mundo atual viver isolado. Cada vez mais, o Brasil fará parcerias, não só no Mercosul, mas também com os Estados Unidos, a China, a Europa. É assim que a economia mundial se movimenta. Esse é um ponto sem discussão.
No exterior, também há uma grande desconfiança em relação ao novo governo, principalmente pela defesa do regime militar pelo presidente eleito, o que poderia significar um risco para a democracia. O sr. vê algum risco nesse sentido?
A democracia no País é um patrimônio do povo brasileiro, conquistado com o voto. Não há nenhum risco a ela. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.