11/12/2018 - 12:27
Ao autorizar buscas em endereços do senador Aécio Neves (PSDB-MG), sua irmã Andréa Neves e também contra o deputado Paulinho da Força (SD-SP), o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, apontou “indícios de relação ilícita” do tucano com executivos do Grupo J&F entre 2014 e 2017.
A Polícia Federal (PF) foi às ruas nesta terça-feira, 11, para cumprir 24 mandados de busca e apreensão na Operação Ross, que mira propina de R$ 110 milhões supostamente paga pela J&F.
“O quadro revelado pela autoridade policial, na medida em que ratificado, em parte, pelo Órgão acusador, demonstra a existência de indícios de relação ilícita entre o investigado Aécio Neves da Cunha e executivos do Grupo J&F, entre os anos de 2014 a 2017, caracterizada pelo alegado recebimento de quantias em dinheiro, pelo senador ou em seu favor, mediante mecanismos característicos de lavagem de capitais, via empresas e pessoas identificadas na investigação em curso”, anotou o ministro.
“Há mais: ficaram demonstrados indicativos da atuação do parlamentar, nessa qualidade, como contrapartida aos benefícios financeiros.”
Também são alvo da investigação os deputados Cristiane Brasil (PTB-RJ) e Benito Gama (PTB-BA) e os senadores Agripino Maia (DEM-RN) e Antonio Anastasia (PSDB-MG).
A Operação Ross mira em crimes de corrupção passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Na decisão, Marco Aurélio determinou que a Polícia Federal cumprisse as ordens judiciais “simultaneamente e com máxima discrição”. As medidas estão sendo cumpridas no Distrito Federal e nos Estados de Minas, São Paulo, Rio, Bahia, Rio Grande do Norte, Mato Grosso do Sul, Tocantins, e Amapá.
“Autorizo o acesso, pela autoridade policial e pelo Ministério Público Federal, aos documentos e dados armazenados em computadores e equipamentos eletrônicos apreendidos”, determinou o ministro.
A operação vasculhou os endereços atrás de “documentos referentes a fatos, registros e livros contábeis formais ou informais, recibos, anotações, apontamentos, agendas, ordens de pagamento, contratos, documentos alusivos à manutenção e movimentação de contas bancárias no Brasil e no exterior, em nome próprio ou de terceiros”.
A PF também foi autorizada a coletar “arquivos eletrônicos de qualquer espécie, bem assim as respectivas bases físicas, tais como mídias eletrônicas, HDs, laptops, notebooks, pendrives, CDs, DVDs, smartphones, telefones móveis, agendas eletrônicas, havendo suspeita de conterem material relevante”.
Defesas
Aécio e Paulinho negam irregularidades. Em nota, a defesa do tucano diz que há uma tentativa de transformar doações ao PSDB em ato ilícito. Já Paulinho, acusado de vender apoio, afirma que apoiava Aécio desde 2013. O espaço está aberto para a manifestação de outros envolvidos na operação.