12/12/2018 - 7:29
Mesmo depois das denúncias de abuso sexual, funcionários e voluntários da Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, mantêm a confiança em João de Deus. “É muito difícil fechar uma igreja”, afirmou Chico Lobo, que há mais de uma década dedica parte do seu tempo às atividades desenvolvidas no centro. “Muita gente está falando, mas precisa provar”, disse.
Lobo listou uma série de argumentos para afastar as suspeitas contra o líder religioso. “Ele fica sempre acompanhado, não há na casa esse banheiro com grandes dimensões, como se disse em parte dos depoimentos e, além disso, há câmeras por vários lados.” Indagado se as câmeras de vigilância ficavam também na área reservada para o descanso de João de Deus, ele negou. “Mas os atendimentos individuais são muito poucos: ninguém quer que ele faça isso. Se não, serão sempre dois atendimentos.”
Nesta terça-feira, 11, fiéis de outros Estados e do exterior começaram a chegar à cidade para as sessões de tratamento espiritual, que se iniciam hoje. A movimentação, no entanto, caiu. “O movimento está, sim, menor do que antes da reportagem. Mas é preciso lembrar: quem cura não é o homem, é a divindade”, dizia Norberto Kist, que há 29 anos vive em Abadiânia e atua como intérprete de pessoas que vêm da Alemanha em busca de tratamento espiritual.
A expectativa nesta terça era saber se o médium participaria das sessões nesta semana. Tradicionalmente, ele trabalha entre quarta e sexta, pela manhã e à tarde. Funcionários garantiam a presença do líder. “É o previsto”, informou Lobo, que não vê queda de procura, mas uma redução de movimento normal no fim de ano.
Na terça, o clima na Casa era de uma tensão controlada. Os fiéis que perambulavam pelo conjunto de construções, em cores branca e azul, se recusavam a falar. A recomendação era a de que apenas guias e funcionários se manifestassem. Fiéis permaneciam em pequenos grupos, fazendo meditações, leituras, sessões com cristais.
Defesa
Na segunda-feira, 10, João de Deus foi a São Paulo para conversar com seu advogado, Alberto Toron. Na ocasião, o defensor rechaçou veementemente as denúncias e disse que ele retornaria para a cidade, para o trabalho normal. Na terça, a reportagem não conseguiu falar novamente com o advogado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.