O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, aproveitou o segundo dia de sua visita oficial ao Brasil, sem compromissos públicos, para dar um passeio pela Praia do Leme, na zona sul do Rio. Na primeira visita de um primeiro-ministro israelense ao Brasil na história, Netanyahu ficará no País até terça-feira (1º), quando participará da cerimônia de posse de Jair Bolsonaro como presidente, em Brasília (DF).

Pela tradição judaica, o sábado (“shabat”) é o dia do descanso. Na sociedade israelense, não é comum políticos terem atividades de trabalho aos sábados. Segundo o canal GloboNews, Netanyahu, que está hospedado num hotel cinco estrelas em Copacabana, saiu a pé por volta das 13 horas, ao lado de sua esposa, Sara. Cercado por seguranças armados, o casal andou na areia da praia. Netanyahu chegou a molhar os pés e, depois do passeio, o casal sentou num quiosque para comer e beber.

No domingo, a agenda oficial enviada pela Embaixada de Israel em Brasília inclui uma série de atividades. Às 10h30, está marcada uma entrevista coletiva para a imprensa brasileira. Ao meio-dia, Netanyahu terá um encontro com líderes da comunidade judaica brasileira. Às 15 horas, está previsto um encontro com “amigos cristãos de Israel”.

Não há previsão de reuniões oficiais com autoridades brasileiras, mas o presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, participará de um dos encontros com Netanyahu, conforme a agenda pública da autoridade monetária – Goldfajn é brasileiro, mas nasceu em Haifa, Israel.

Todos os eventos estão agendados para o hotel cinco estrelas em que Netanyahu e sua comitiva estão hospedados, em Copacabana. Quase todos os compromissos públicos do premiê na sexta-feira, primeiro dia da visita oficial, também foram concentrados no bairro. Netanyahu chegou ao Rio no fim da manhã de ontem e seguiu para um almoço com o presidente eleito, no Forte de Copacabana. No fim da tarde, participou, com Bolsonaro, de um encontro com a comunidade judaica carioca numa sinagoga, também em Copacabana.

O encontro com Netanyahu, incluindo o anúncio de que fará uma visita oficial a Israel até março, foi o primeiro movimento claro do futuro governo Bolsonaro em termos de mudança na política externa. Durante a campanha, o futuro presidente prometeu transferir a embaixada brasileira de Tel-Aviv para Jerusalém, o que aproximou os dois líderes.

Nos eventos de sexta-feira, porém, não foi feito nenhum anúncio público sobre a transferência. A última vez que Bolsonaro prometeu mudar a embaixada brasileira em Israel para Jerusalém, num ato de reconhecimento da cidade sagrada como capital israelense, foi no dia 1º de novembro, pelo Twitter.

A jornalista Noa Landau, que acompanha a comitiva israelense pelo jornal “Haaretz”, chamou atenção para o fato de Bolsonaro ter ignorado o assunto na sexta-feira. “Nada sobre #Jerusalem no discurso de @jairbolsonaro na sinagoga”, escreveu Landau em sua conta no Twitter, após postar um vídeo da entrada de Netanyahu e Bolsonaro ao salão principal da sinagoga.

Em outro post, a jornalista israelense disse que Netanyahu “compensou”, mencionando a presença histórica dos judeus em Jerusalém pelo menos cinco vezes em seu discurso na sinagoga, onde falou em hebraico.