09/01/2019 - 17:38
Referência no universo da cultural digital, da tecnologia e da inovação, a publicação americana Fast Company jogou de forma corajosa e apontou a luz para onde muita gente que orbita o mundo tecnológico não estava olhando. Ou estava, mas sem enxergar. Um artigo sobre a Consumer Electronics Show (CES) 2019, escrito pelo editor sênior Mark Wilson, fez questão de espremer limão na ferida. O título do texto já diz a que veio: “O maior show em tecnologia ignora o maior problema em tecnologia”, seguido do subtítulo: “Na CES, as empresas de hardware estão nos convidando a enfiar nossas cabeças no chão”.
No texto, Wilson começa dizendo que o annus horribilis de 2018 para a tecnologia — em que a Amazon compartilhou acidentalmente conversas particulares, o Facebook propositadamente entregou dados de contas para outras corporações, o Google teve sua rede social invadida e a Microsoft plantou seus pés no campo militar — simplesmente desaparece nos dias de CES. “Você não verá nenhuma menção a nada disso esta semana. Porque é época do ano em que os fabricantes de gadgets em todo o mundo nos deslumbram com seus últimos lançamentos finos e reluzentes”.
“Privacidade e segurança são as duas coisas de que precisamos da CES”, escreve Wilson. “E que certamente não conseguiremos”. Ele enumera: “Cadeiras de massagem de US$ 15 mil, robôs de entrega e, como sempre, mais TVs do que posso contar. É como se a indústria estivesse nos dizendo, relaxe, binge-se (o ato de assistir a uma maratona de filmes ou séries) e se empanturre até que esse pesadelo tenha chegado ao fim.”
Para ele, os consumidores estão fazendo algo estranho. “Eles parecem estar se voltando a tecnologias que muitos de nós pensavam estar morrendo. Em um mundo em que as vendas de smartphones diminuem e as pessoas deixam o Facebook em números incalculáveis, as coisas antigas da CES vivem uma nova era de ouro.”
Wilson diz que nosso futuro é menos parecido com a mídia social de telepresença holográfica e mais como uma sala de estar dos anos 80, só que com uma tela maior. “É uma pena que a CES não nos traga as tecnologias necessárias para corrigir o que há de errado com a tecnologia.”