Os sete milhões de venezuelanos que reelegeram Hugo Chávez por mais seis anos foram às ruas, no domingo 3, manifestar sua alegria com bandeiras e cartazes com a foto do comandante. Sensação semelhante foi compartilhada por Marcelo Odebrecht, José Carlos Grubisich e Vitor Hallack. Juntos, eles foram responsáveis por mais de US$ 1,5 bilhão investidos na Venezuela apenas no ano passado. Com a vitória de Chávez, seus olhos voltam a tilintar. Grubisich e a sua Braskem, por exemplo, preparam pacote de US$ 2 bilhões a serem aplicados nos próximos cinco anos na implantação de duas unidades petroquímicas no país. Em associação com a Corporación Petroquímica Venezoelana, as plantas devem produzir 400 mil toneladas de polipropileno, 1,2 milhão de toneladas de eteno e outro 1,2 milhão de toneladas de polietileno aproveitando o baixo custo do gás natural e do petróleo. ?A Venezuela será a Carajás da Braskem?, afirmou Grubisich à DINHEIRO.
Situação semelhante vive a Odebrecht. Há 17 anos, a empresa conduzia um único empreendimento na Venezuela: a construção do Centro Lago Mall, shopping center em Maracaibo. Hoje, a construtora é uma das principais empresas de engenharia da região, responsável pelo terminal de embarque de petróleo de Jose, pelo projeto de irrigação El Diluvio-Palmar e pela construção de duas linhas de metrô de Caracas.

 

Junto com a Usiminas, tocou a maior obra do país, a segunda ponte sobre o rio Orinoco, no valor de US$ 1,2 bilhão. Agora, se prepara para disputar a concorrência para a usina hidrelétrica de Tocoma com outras brasileiras como a Andrade Gutierrez e a Queiroz Galvão. ?Consolidamos uma posição nacional?, analisa Euzenando Azevedo, diretor-superintendente da Odebrecht no país. O BNDES já abriu linha de crédito de US$ 455 milhões para a vencedora. Outros US$ 455 milhões serão gastos pelo governo local na compra das turbinas, fornecidas pelas filiais brasileiras da Alston e Voith-Siemens. A Camargo Corrêa, de Vitor Hallack, voltou no ano passado ao país após duas décadas. Um contrato de US$ 58 milhões para as obras na represa El Guapo, a 150 quilômetros de Caracas, reposicionou a construtora. Agora, ela também enfrentará a concorrência de Tocoma.

Os laços entre Brasil e Venezuela não param de se estreitar. Na quinta-feira 7, Hugo Chávez, em sua primeira visita oficial depois da reeleição, foi recebido pelo presidente Lula com honras de estado no Palácio do Planalto. Nesse clima, a Atech, responsável pela instalação do Sivam, também resolveu navegar nos petrodólares de Chávez. O primeiro acordo foi fechado há dois anos, para o fornecimento de serviços de hidrometeorologia e envolveu a instalação de rede de sensores e radares pelo país. No início do ano, a empresa venceu concorrência de US$ 1 milhão para o gerenciar o tráfego aéreo no aeroporto de Maiquetía, o mais movimentado do país. ?Conseguimos firmar o primeiro contrato de exportação de tecnologia para a Venezuela?, comemora Tarcísio Takashi Muta, presidente da Atech.