06/02/2019 - 19:09
A notícia de que a Vale teve cancelada sua autorização para operar a barragem de Laranjeiras (MG) ampliou significativamente o sinal de baixa do Índice Bovespa, que teve nesta quarta-feira, 6, sua maior queda porcentual desde 28 de maio do ano passado, época da greve dos caminhoneiros. A bolsa brasileira transitava em terreno negativo desde a abertura dos negócios e a abrupta aceleração da queda das ações da Vale à tarde acabou por deflagrar movimentos de “stop loss” (interrupção de perdas), contagiando outros papéis. Com isso, o Ibovespa terminou o dia aos 94.635,57 pontos, em queda de 3,74%, na mínima do dia. Os negócios somaram R$ 17 bilhões.
Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) confirmou ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, que a autorização da Vale para a barragem de Laranjeiras operar foi suspensa pelo órgão ambiental. Os motivos da suspensão correm em segredo de Justiça. A Vale havia informado na segunda-feira que a Justiça havia determinado que a mineradora parasse de lançar rejeitos ou praticasse qualquer atividade potencialmente capaz de aumentar os riscos em oito barragens em Minas Gerais, entre elas a de Laranjeiras, que faz parte da mina de Brucutu, a maior da Vale em Minas Gerais.
Segundo operadores ouvidos pelo Broadcast, a reação imediata do mercado com a notícia sobre a suspensão de Laranjeiras acionou o “stop loss” em diversas mesas de negociação. Ao final dos negócios, Vale ON, que chegou a ter os negócios suspensos no pregão, fechou em queda de 4,88%, na mínima do dia. A ação da mineradora contaminou os papéis do setor siderúrgico, que teve perdas expressivas. CSN ON caiu 5,77% e Gerdau Metalúrgica cedeu 4,94%.
Desde cedo, o sinal do Ibovespa foi negativo. Assim como na véspera, pesaram as dúvidas quanto ao teor e ao prazo de tramitação da reforma da Previdência, em meio às muitas declarações divergentes e à aparente falta de alinhamento de discurso entre integrantes do governo. Depois de uma tumultuada reunião de líderes na Câmara, o líder do PP na Casa, Arthur Lira (AL), afirmou que, sem alinhamento do governo na Casa, não há clima para se votar qualquer Proposta de Emenda Constitucional (PEC), incluindo a reforma da Previdência.
“Desde cedo vimos que, apesar de a bolsa ter subido bastante nos últimos dias, a queda era mais que uma realização de lucros. A percepção é que fica mais complicada a tramitação a partir do zero, com a matéria passando por novo trâmite. Há quem acredite em aprovação da reforma no primeiro semestre, mas creio que essa é uma avaliação bastante otimista, dadas as idas e vindas que devem ocorrer”, disse Eduardo Guimarães, especialista em ações da Levante Ideias de Investimento.