20/02/2019 - 14:43
Chega ao terceiro dia nesta quarta-feira, 20, a série de audiências sobre a morte do jogador Daniel Corrêa de Freitas no Fórum de São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. Um dos depoentes será o delegado Amadeu Trevisan, que coordenou o caso. O atleta foi assassinado em outubro do ano passado.
O processo, que teve início na tarde de segunda, 18, deve totalizar 66 testemunhas de defesa, além de 14 testemunhas de acusação. Também serão ouvidos os quatro acusados de homicídio triplamente qualificado – Edison Brittes, de 38 anos, Ygor King, de 19, David Willians Vollero Silva, de 18, Eduardo Henrique da Silva, de 19 – além de Cristiana Brittes, de 35, denunciada por homicídio, coação de testemunhas e fraude processual; Allana Brittes, de 18, acusada de fraude processual, coação de testemunhas e corrupção de menores; e Evelyn Perusso, denunciada por falso testemunho.
Na terça-feira, 19, Iolanda Regina, tia do atleta, prestou depoimento por cerca de duas horas e meia, enquanto dividia o ambiente com a família Brittes, que estaria envolvida no crime. “A gente sofreu a morte inúmeras vezes, quando gente soube que o Daniel estava naquela casa, mas ao conversar com Alana, eu vi que tinha mentira ali, usava a palavra de Deus toda hora, vamos orar, mas pensei, não era possível que uma mulher de 18 anos fosse tão fria. Ela viu, soube, viu ser torturado, aquilo seguiu no domingo, me ligou perguntando onde seria o velório”, comentou.
Sobre seu encontro com a família Brittes, Regina disse que não teve sentimento algum. “Quando entrei na sala senti uma dor muito grande, mas olho e elas não significam nada pra mim, não tenho ódio, nenhum tipo de sentimento, olhos e parece que não existem. Espero que ninguém mais sofra o que a gente está sofrendo, sejam presos, pensem e possam voltar ao convívio social. Vocês não têm ideia”, comentou.
Regina também comentou sobre a tortura que Daniel teria sofrido antes da morte. “Além dele (o jogador) ter tido o medo, teve o ato, do princípio ao fim, de pegar espancar, colocar no porta-malas. Se ver o laudo do IML, se falar que aquilo não é tortura eu não sei”, disse. Iolanda e a irmã Eliana, mãe de Daniel, devem ficar em Curitiba até esta quarta-feira, 20. A previsão é de que até o final da semana seja definido se irão a júri popular. Edison Brittes está preso na Casa de Custódia de São José dos Pinhais, enquanto Cristiana e Allana Brittes estão na Penitenciária Feminina de Piraquara.
O caso Daniel
O ex-jogador teria sido assassinado e mutilado em outubro de 2018 por Edison Brittes, após participar da festa de aniversário de Alana, filha de Edison e Cristiana Brittes, os três estão detidos. Daniel foi encontrado morto em uma estrada rural na Colônia Mergulhão, em São José dos Pinhais, com o pênis decepado e quase decapitado, após participar da festa de aniversário de 18 anos de Allana Brittes, na casa noturna Shed, em Curitiba.
Após deixar o local, foi até a casa da aniversariante e teria sido flagrado por Edison na mesma cama que Cristiana Brittes, que dormia. Edison o acusou de tentar estuprar a esposa (versão negada pela polícia, por causa do alto teor alcoólico do atleta) e passou a agredi-lo com a ajuda de outros convidados.
Daniel havia feito fotos ao lado da mulher e enviado para amigos em grupo de WhatsApp. Depois de ser duramente espancado, teria sido levado para a estrada rural, onde foi assassinado.
Para o advogado de defesa, Cláudio Dalledone Júnior, o testemunho de Lucas Mineiro, que prestou depoimento no primeiro dia, pode revelar e reforçar a tese de que Daniel teria “importunado” Cristiana e que ela não teria sido omissa em relação ao destino do rapaz. “Socorro, socorro, vai acontecer uma tragédia”. Teriam sido essas as palavras gritadas por Cristiana Brittes, de dentro do seu quarto, enquanto Daniel era agredido, após supostamente ter invadido a cama da mulher enquanto ela dormia.
O advogado criminalista Jacob Filho, que representa Lucas Mineiro, afirmou que o jovem excluiu Cristiana e Allana de qualquer participação as agressões ao jogador. “Ele revela ainda que as duas estavam apavoradas e em pânico, muito nervosas”, disse.
Para Cláudio Dalledone Júnior, o primeiro dia de audiência foi esclarecedor sobre a conduta e a participação de Cristiana no momento dos fatos. “Ficou claro, consignado, registrado e esclarecido que Cristiana a todo momento pediu, implorou para que aquelas agressões parassem. Todas as testemunhas ouvidas hoje disseram isso! Dentro das suas limitações de momento, após tudo que havia ocorrido, ela ainda pediu ajuda, pediu socorro pelo rapaz, ao contrário do que quer fazer acreditar o Ministério Público, a principal testemunha do caso revela que Cristiana pediu ajuda para Daniel.”