15/03/2019 - 12:25
Os espanhóis da Aena levaram o bloco do Nordeste no leilão de aeroportos realizado nesta sexta-feira, 15, na B3. O grupo ofereceu R$ 1,9 bilhão pela concessão – o que corresponde a um ágio de 1.010,69% ante a contribuição mínima inicial estipulada para este bloco que era de R$ 171 milhões. Na disputa no viva-voz, houve competição entre os espanhóis e a Zurich Airport para ver quem levaria o bloco.
Os suíços chegaram a oferecer um lance de R$ 1,851 bilhão, com ágio de 982,05%, o que colocou o Zurich à frente por alguns minutos, mas a Aena voltou a oferecer cifra superior.
Na primeira etapa, além da Aena, a Zurich ofereceu um valor de contribuição inicial de R$ 1,690 bilhão (ágio de 887,93%), o Consórcio Região Nordeste de R$ 1,488 bilhão (ágio de 770%), a CCR de R$ 1,007 bilhão (ágio de 488,67%), a Fraport de R$ 850,490 milhões (ágio de 397,18%) e a Vinci Airports de R$ 351 milhões (ágio de 105,19%).
O bloco Nordeste é composto pelos aeroportos de Recife (PE), Maceió (AL), Aracaju (SE), Juazeiro do Norte (CE), João Pessoa (PB) e Campina Grande (PB). Este era considerado o bloco mais atraente aos investidores. Em 2019, os terminais devem registrar a movimentação de 13,2 milhões de passageiros e a perspectiva é atingir 41 milhões/ano até o final de concessão, em 2049.
O valor de contribuição inicial deverá ser pago logo no início do contrato e os recursos serão direcionados ao Fundo Nacional de Aviação Civil (FNAC). O concessionário terá, então, cinco anos de carência para a execução de obras e melhorias previstas no contrato.
O consórcio vencedor deverá realizar investimentos de R$ 788 milhões ao longo dos primeiros cinco anos de contrato. A partir do sexto ano, serão pagas contribuições variáveis, calculadas a partir de um porcentual escalonado sobre a receita bruta, partindo de 1,63% e chegando a 8,16% no décimo ano, quando então a outorga passará a ter um valor fixo até o final da concessão. Esse mecanismo foi estabelecido para adequar o contrato às oscilações de demanda e, consequentemente, de receita ao longo da concessão.
O edital prevê, entre as obras a serem executadas nos primeiros anos de concessão, adequações de segurança operacional de pista e pátio para garantir operações por instrumentos, prover sistema visual de aproximação nas cabeceiras de pista de pouso e decolagens e a implantação de aéreas de segurança de fim de pista.
Também estão previstas no contrato a ampliação de capacidade de processamento de passageiros atendendo aos parâmetros baseados em recomendação da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA, na sigla em inglês) nos aeroportos de Maceió, Aracaju e João Pessoa. No caso do aeroporto do Recife, a ampliação de capacidade de processamento deve seguir o que está previsto no Plano de Exploração Aeroportuária.
Para entrar na disputa por esse lote foi exigido dos interessados experiência de cinco anos e processamento de no mínimo 5 milhões de passageiros/ano em pelo menos um dos anos.
Perfil da vencedora
Vencedora do leilão pelos aeroportos do Nordeste, a estatal espanhola Aena é a maior gestora de aeroportos do mundo em número de passageiros, operando 46 aeroportos e dois heliportos na Espanha, além de deter 51% de participação no aeroporto de Luton, em Londres.
Entre os grandes terminais da empresa, está o Aeroporto de Barajas, em Madri. No ano passado, a companhia operou terminais que transportaram 263,7 milhões de passageiros. O grupo é listado na bolsa de valores espanhola desde fevereiro de 2015.
Em julho de 2014, o Conselho de Ministros da Espanha aprovou uma nova estrutura regulatória e de supervisão para controle da qualidade aeroportuária e manutenção da rede, visando promover o desenvolvimento econômico e a competitividade do setor através do congelamento de impostos até 2025.
Entre as perspectivas da empresa para este ano, o grupo ressaltou recentemente na apresentação dos resultados de 2018 que analisava oportunidades com especial ênfase nos mercados da América Latina e Europa.