Pioneiro no estudo de doenças tropicais e conhecido pelo trabalho para sanear o Rio de Janeiro – e boa parte do Brasil – de doenças como varíola, peste bubônica e febre amarela, o médico e sanitarista Oswaldo Cruz (1872-1917) foi também um pai dedicado, um marido amoroso e um homem encantado com a arquitetura e as belezas naturais do País. Mostrar esse lado desconhecido do cientista é o objetivo da exposição “Do teu saudoso Oswaldo”, que será aberta ao público nesta sexta-feira, 29, no Rio.

A mostra ocupa uma área de 300 metros quadrados do Centro Cultural Correios, no Centro da cidade, e foi organizada a partir de correspondências pessoais trocadas pelo médico com sua mulher e filhos.

“Nosso objetivo é mostrar uma faceta pouco conhecida do Oswaldo Cruz. Ele ficou muito conhecido por sua atuação na esfera pública, por sanear o Rio de Janeiro. E essas correspondências mostram que ele também foi um pai amoroso, um marido zeloso, extremamente romântico e que não media palavras para isso”, conta o jornalista Glauber Gonçalves, um dos seis curadores da exposição.

Devido à sua atuação profissional, o médico e sanitarista passava longos períodos longe de casa. Nessas ocasiões, trocava correspondências quase diárias com a mulher, Emília, a quem chamava carinhosamente de “Miloca”. “Mesmo longe, ele sabe o que os filhos estão fazendo ou como está o curso de inglês da mulher em Londres”, revela Gonçalves.

Algumas das cartas são do período em que Oswaldo Cruz percorreu 22 portos do País, entre o Rio de Janeiro e Manaus. A bordo do rebocador República, ele tinha como meta sanear os portos brasileiros. A viagem durou mais de dois meses, e apesar do ambiente pesado, serviu também para que o médico tivesse novas impressões sobre o Brasil.

“Ele se mostra impressionado com as condições sanitárias e higiênicas dos portos, comenta sobre a arquitetura. Oswaldo também traz um olhar antropológico, elogia o povo e se mostra fascinado com a beleza natural de alguns lugares”, diz o curador.

Gonçalves e os demais responsáveis pela mostra levaram três anos para selecionar o material da exposição, organizada a partir de 340 cartas que compõem o acervo do arquivo histórico da Fiocruz. Além das correspondências, a mostra traz cartões postais e fotos, algumas inéditas, cedidas por familiares. Pequenos filmes e áudios com trechos das cartas também poderão ser explorados pelos visitantes.

“As cartas são manuscritas, difíceis de ler, por isso pensamos em uma maneira diferente de levar ao público”, explica Glauber Gonçalves. Três atores encenam os relatos manuscritos e dão voz a Oswaldo Cruz, em filmes com cerca de três minutos de duração.

Serviço:

Exposição: Do teu saudoso Oswaldo

Local: Centro Cultural Correios

Quando: de 29 de março a 30 de junho – visitação gratuita, de terça-feira a domingo, do meio-dia às 19h.

Endereço: Rua Visconde de Itaboraí, nº 20 – Centro, Rio