25/04/2019 - 7:34
“Vejo essa decisão como uma bofetada na cara de quem ainda tinha alguma esperança de que se fizesse justiça”, afirma um integrante da comissão de atingidos pela tragédia de Mariana (MG). Ele reage à decisão da 4ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, que, por unanimidade, trancou a ação penal para o crime de homicídio contra numeroso grupo de executivos de Vale, Samarco e BHP Billiton.
Mauro Marcos da Silva, 50 anos, tem uma oficina mecânica na principal rua de Mariana e mora na cidade mineira, mas juntou dinheiro para comprar uma casa no distrito de Bento Rodrigues, que foi soterrada pela lama da barragem de Fundão, que se rompeu em 5 de novembro de 2015. A tragédia deixou 19 mortos. Entre eles, Vando Maurílio dos Santos, que era amigo de Mauro.
“Eu particularmente perdi um amigo e vários conhecidos”, conta. No dia da tragédia, ele estava na oficina, e foi avisado pelo telefone, por um amigo. Correu, em seguida, para Bento Rodrigues. Mauro chegou a ter dificuldades com o reconhecimento de suas perdas materiais.
A reportagem entrou em contato com outros familiares de vítimas, que não quiseram comentar a decisão.
Por unanimidade, os desembargadores da 4ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região trancaram a ação penal, para o crime de homicídio, aberta em 2016 contra executivos de Vale, Samarco e BHP Billiton em razão da tragédia de Mariana.
Na prática, os acusados não vão mais a júri popular – que julga crimes contra a vida -, e fica mantido o processo somente para os crimes ambientais e de inundação, que é previsto no Código Penal. A ação foi trancada também para o crime de lesão corporal.