A China defendeu neste domingo (2) a sangrenta repressão aos protestos na Praça Tiananmen (Paz Celestial) de Pequim em 1989, classificando-a como a “política correta”.

No começo de junho de 1989, a Praça Tiananmen de Pequim era o epicentro, há semanas, de inéditas manifestações de estudantes e trabalhadores a favor da democracia e pedindo o fim da corrupção. A repressão do exército em 4 de junho deixou centenas mortos.

Trinta anos depois, este período da história da China continua a ser um tabu. Nas raras vezes em que autoridades mencionam os acontecimentos, especialmente diante de estrangeiros, justificam-no como uma “decisão correta”. Com o ministro chinês da Defesa não foi diferente.

“Este incidente foi uma turbulência política e o governo central adotou medidas para deter as turbulências, o que é uma política correta”, afirmou o general Wei Fenghe durante o fórum regional de segurança Diálogo de Shangri-La, em Singapura.

Em um discurso para ministros da Defesa, militares de alta patente e especialistas, o general Wei questionou por quê o mundo sempre diz que a China “não administrou o incidente de forma correta”.

“Estes 30 anos demonstraram que a China viveu grandes mudanças”, afirmou, antes de acrescentar que graças à ação do governo a “China goza de estabilidade e desenvolvimento”.

Atualmente, graças à “Grande Muralha digital” e aos censores do partido, qualquer referência à repressão desapareceu da internet na China.

– China se mantém firme sobre Taiwan –

O general Wei fez esses comentários um dia após seu equivalente americano, Patrick Shanahan, pedir para a China “deixar de minar a soberania de outros países” vizinhos e alertar que os EUA vão investir para manter sua supremacia militar na região.

A luta de influências na região asiática entre Washington e Pequim, com potenciais conflitos no Mar da China Meridional, no estreito de Taiwan, ou na Coreia do Norte, foi o principal tema dos debates do fórum, ocorrido ao longo deste fim de semana.

Mas o ministro chinês não se abalou pelos comentários de Washington, e disse que seu país não renunciará ao uso da força para a reunificação com Taiwan.

A China considera Taiwan parte de seu território. A ilha é governada por um regime rival, que se refugiou ali após os comunistas chegarem ao poder no continente, em 1949, após a guerra civil.

“Nos esforçaremos por um processo de reunificação pacífica com a máxima sinceridade e os maiores esforços, mas não fazemos promessas de que renunciemos ao uso da força”, anunciou o general Wei.

“Subestimar a determinação e a vontade do ELP [Exército Popular de Libertação] é extremamente perigoso”, alertou, e considerou que o “dever sagrado” do exército é defender o território chinês.