11/06/2019 - 10:14
O técnico do Exército chinês Ren Zhengfei criou a Huawei com um capital inicial de apenas US$ 5 mil, segundo é relatado na empresa. Contudo, 32 anos depois, sua empresa ficou sujeita a um enorme cabo de guerra entre os Estados Unidos e a China em sua batalha pela supremacia tecnológica.
Estas são algumas respostas sobre a empresa, seu desenvolvimento meteórico e seu futuro incerto, depois que o presidente Donald Trump tomou medidas para impedir sua implantação nos Estados Unidos.
– O que é a Huawei? –
Fundada em 1987 na cidade de Shenzhen, no sul da China, a empresa privada Huawei é uma gigante global de tecnologia, a maior produtora de equipamentos de telecomunicações do mundo, e número dois no setor de smartphones, atrás da Samsung e à frente da Apple.
A Huawei afirma ter 190 mil funcionários, opera em 170 países e faturou mais de 100 bilhões de dólares em 2018.
– Como ela cresceu tanto? –
Os críticos afirmam que o apoio do governo chinês impulsionou a Huawei para o sucesso. Mas a verdade é que a empresa chinesa sempre soube estar no lugar certo, na hora certa.
Ren, o fundador, hoje com 74 anos, fundou a Huawei no exato momento em que a China desenvolveu seus produtos manufaturados, no surgimento do setor de telecomunicações.
Shenzhen, outrora uma vila de pescadores pacífica, tornou-se o coração do milagre industrial chinês, com a Huawei emergindo como protagonista da nova potência econômica do país.
Enquanto sua receita cresceu na China, a Huawei começou a se aventurar no exterior desde 1997, procurando mercados ainda subdesenvolvidos no sudeste da Ásia, África e Leste Europeu, áreas ignoradas pelos líderes ocidentais do setor.
“Felizmente para a Huawei, o mercado de equipamentos de telecomunicações estava emergindo”, diz Jeffrey Towson, especialista em desenvolvimento da China no setor de tecnologia, em uma análise do sucesso econômico e financeiro da China.
– O que preocupa os EUA? –
O passado militar de Ren, membro do Partido Comunista, e a cultura obscura da Huawei encorajaram as suspeitas de que a empresa está, de fato, sob o controle de Pequim.
Muitos afirmam que, sem o apoio do Estado, a Huawei não poderia se tornar líder na nova geração de telefonia móvel e internet. Os investimentos da gigante chinesa também tornaram-na uma protagonista da futura rede de telefonia móvel 5G.
Mas os Estados Unidos acreditam que as antenas da Huawei são uma espécie de cavalo de Tróia moderno e suspeitam que a empresa transmite dados para o governo chinês, exercendo uma espécie de ciberespionagem.
A guerra comercial entre Washington e Pequim também se transformou em uma guerra tecnológica.
Nesta semana, os Estados Unidos lançaram sua artilharia pesada contra o setor de tecnologia para neutralizar a Huawei.
Pouco antes do lançamento mundial do 5G, Trump proibiu o uso em seu país equipamentos de telecomunicações de empresas estrangeiras consideradas perigosas, medida ostensivamente voltada para a companhia chinesa.
A Huawei também está no meio de uma crise diplomática desde dezembro: Meng Wanzhou, chefe de finanças do grupo e filha de Ren, foi presa no Canadá a pedido de Washington, que a considera suspeita de violar as sanções dos EUA contra o Irã.
– Quem controla a Huawei? –
A Huawei diz que as ações da empresa são de propriedade de seus funcionários, e Ren diz que não tem tratamento favorável do governo chinês – o que é questionado por analistas.
Entre eles estão dois especialistas na China, Christopher Balding e Donald Clarke, que estudaram os documentos relacionados à constituição da Huawei.
Em um artigo publicado no mês passado, eles alegam que a empresa está nas mãos de uma união imprecisa, mas devemos ter em mente que na China essas organizações são invariavelmente controladas pelo governo.
“A Huawei pode ser efetivamente considerada sob controle estatal”, concluem.
– O que acontecerá? –
A decisão dos Estados Unidos de colocar a Huawei em uma lista de companhias com as quais as empresas norte-americanas não podem fazer transações sem permissão prévia das autoridades – incluindo Intel e Qualcom – pode colocar a gigante chinesa em sérias dificuldades.
Se a medida dos EUA for aplicada de forma eficaz, “isso pode colocar em risco a própria empresa e a rede de clientes da Huawei em todo o mundo”, diz Paul Triolo, analista de tecnologia do Eurasia Group.
“Mas a vocação dessa medida não é clara: se é um projétil contra a Huawei, ou uma tática de negociação nas negociações comerciais” entre Pequim e Washington, acrescenta.