A Libra, a criptomoeda apresentada pelo Facebook na última terça-feira (17), e a entrada das gigantes da tecnologia no ramo financeiro representa um risco ao sistema bancário internacional, afirmou o Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), entidade com sede em Genebra, que reúne sistemas bancários centrais de todo o mundo.

Em um relatório divulgado neste domingo (23), a entidade disse que apesar de trazer benefícios aos usuários e facilitar as transações, a entrada de bigtechs como Facebook, Alibaba, Amazon e Google no mercado de finanças pode prejudicar a estabilidade econômica mundial ao reduzir a concorrência e apresentar riscos de vazamento de dados.

“A política pública precisa se pautar em uma abordagem mais abrangente que se baseie em regulamentação financeira, política de concorrência e regulamentação de privacidade de dados”, expõe um trecho do relatório.

Os serviços financeiros, segundo o documento, atualmente representam 11% do lucro das bigtechs, em um mercado concentrado principalmente na Ásia e nos Estados Unidos, mas em franca expansão para países em desenvolvimento. As companhias atuam em várias frentes do setor, desde a criação de formas de pagamento a oferta de seguros e empréstimos.

O BIS defende que a mesma regulamentação aplicada aos bancos tradicionais deva ser imposta aos novos atores deste mercado, já que ambos oferecem o mesmo tipo de serviço.

“O objetivo é fechar as lacunas regulatórias entre grandes empresas e instituições financeiras regulamentadas, de modo a limitar o escopo para a arbitragem regulatória através de atividades bancárias paralelas”, afirma.

O alerta do BIS se soma a outros emitidos por autoridades econômicas e financeiras na última semana após a apresentação da criptomoeda. O projeto já foi alvo de críticas de políticos e economistas na França, Inglaterra e Estados Unidos, que pedem um acompanhamento de perto das autoridades ao novo serviço da rede social.