04/07/2019 - 7:23
O Ministério da Educação (MEC) solicitou na última quinta-feira, dia 27 de junho, à enciclopédia colaborativa Wikipédia que o verbete sobre o ministro da pasta, Abraham Weintraub, fosse excluído. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, o MEC alegou que a página conteria “informações não confirmadas” que poderiam levar a “interpretações dúbias”.
A mensagem enviada pelo MEC, à qual a reportagem teve acesso, justifica o pedido de exclusão pela “impossibilidade de edição” do conteúdo por parte do ministério. Segundo a pasta, com a restrição de edição, a “pessoa física/jurídica fica incapacitada de declarar ampla defesa e o contraditório”.
Procurado, o MEC confirmou ter pedido a remoção do artigo e também reconheceu o conteúdo do e-mail, mas não comentou a solicitação nem esclareceu quais trechos do artigo sobre Weintraub motivaram o contato. A solicitação do ministério foi feita por um mecanismo automático da plataforma, no qual é possível enviar um e-mail ao usuário responsável pela última edição.
O verbete sobre Weintraub na Wikipédia foi criado em 8 de abril, pouco mais de três horas depois de o presidente Jair Bolsonaro anunciar pelo Twitter que ele sucederia Ricardo Vélez Rodriguez no comando do ministério.
A solicitação do MEC para que o verbete fosse excluído mobilizou um fórum de editores da Wikipédia – que assinam com pseudônimos. O editor Chronus, que foi contatado pela assessoria do MEC, compartilhou a mensagem recebida e pediu aos colegas conselhos. “Caberia alguma resposta formal da comunidade quanto à solicitação do MEC?”, escreveu no fórum do site na última segunda-feira.
Os editores então sugeriram que ele pedisse mais clareza ao MEC sobre os pontos problemáticos e respondesse explicando que é impossível que um editor sozinho consiga eliminar um artigo.
O editor contatado pelo MEC não havia alterado conteúdo, mas restringiu a possibilidade de que usuários sem boa reputação na plataforma pudessem editar o texto.
Na discussão do fórum, o Chronus disse que não pretendia responder ao e-mail do MEC. Argumentou que a comunicação deveria ter sido feita à Fundação Wikimedia, com sede na Califórnia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.