22/08/2019 - 17:23
São Paulo, 22 – O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, se mostrou “profundamente preocupado” nesta quinta-feira, 22, com as queimadas na Amazônia. De 1.º de janeiro até essa terça-feira, 20, foram contabilizados 74.155 focos, alta de 84% ante o mesmo período de 2018, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Um pouco mais da metade (52,6%) desses focos têm ocorrido na Amazônia.
“Em meio a uma crise climática internacional, não podemos permitir que se produzam mais danos em uma importante fonte de diversidade e oxigênio”, disse Guterres, em sua conta no Twitter.
A ativista climática Greta Thunberg, de 16 anos, idealizadora do movimento estudantil Fridays for Future contra o aquecimento global, também se manifestou contra as queimadas que atingem a floresta amazônica. A ativista está a bordo do Malizia II rumo a Nova York para participar de uma conferência sobre o clima na sede da ONU.
“Mesmo aqui no meio do Oceano Atlântico, eu ouço sobre a quantidade recorde de incêndios devastadores na Amazônia. Meus pensamentos estão com os afetados. Nossa guerra contra a natureza deve acabar”, disse Greta.
Críticas a Bolsonaro
Sem apresentar provas nem indicar entidades suspeitas, o presidente Jair Bolsonaro tem dito que organizações não governamentais (ONGs) podem estar por trás de incêndios criminosos, o que foi rebatido pelas entidades.
“A declaração é, antes de tudo, covarde, feita por um presidente que não assume seus atos e tenta culpar terceiros pelos desastres ambientais que ele mesmo promove no País”, disse ao jornal O Estado de S. Paulo o coordenador de políticas públicas do Greenpeace, Marcio Astrini. “A Amazônia está agonizando e Bolsonaro é responsável por cada centímetro de floresta que está sendo desmatada e incendiada.”
O WWF-Brasil afirmou que a prioridade do governo deveria zelar pelo patrimônio, e não criar “divergências estéreis e sem base na realidade” do que ocorre na região
Segundo análise técnica do Instituto de Pesquisas Ambiental da Amazônia (Ipam), só a seca prolongada não explica a alta nas queimadas no bioma. As dez cidades amazônicas com mais focos de fogo também tiveram as maiores taxas de desmate. Para os cientistas do Ipam, a concentração nessas áreas, com estiagem branda, indica o caráter intencional dos incêndios para limpar desmate recente.
Comissão na Câmara
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse em seu perfil pessoal no Twitter que a Casa vai criar uma comissão externa para acompanhar o problema das queimadas que atingem a Amazônia. Além disso, o parlamentar informou que vai realizar uma comissão geral nos próximos dias para avaliar a situação e propor soluções ao governo.
Repercussão negativa na imprensa internacional
A declaração do presidente Bolsonaro teve ampla repercussão negativa na imprensa internacional na quarta-feira, 21.
O jornal britânico The Guardian traz a informação de que Bolsonaro acusou ambientalistas de atear fogo na Amazônia para constranger seu governo, mas que o presidente não fornece evidências.
O site da revista alemã Spiegel traz a manchete “Floresta tropical do Brasil está pegando fogo”. O texto diz que Bolsonaro tem uma política ambiental inconsequente.
Já a BBC News, do Reino Unido, mostra um vídeo com imagens dos incêndios na região da Amazônia. Na reportagem, cientistas dizem que a floresta tropical sofreu perdas em um ritmo acelerado desde que Bolsonaro assumiu o poder em janeiro.
Em Portugal, o jornal Público disse que a Amazônia está ardendo e já é possível ver do espaço.
No canal de notícias árabe Al Jazira, sediado no Catar, uma reportagem traz informações sobre os incêndios na Floresta Amazônica do Brasil que atingiram um recorde neste ano. A publicação disse que imagens de satélite da Agência Espacial Americana (Nasa, na sigla em inglês) mostram fumaça cobrindo a metade norte do País – uma área maior do que a Europa.
Na internet, a hashtag #PrayForTheAmazon (reze pela Amazônia) chegou a ocupar o primeiro lugar no Twitter desta quarta. COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS