11/09/2019 - 17:57
Ciclistas que utilizam ciclofaixas na capital paulista foram surpreendidos nos últimos dias com a ausência da área destinada às bicicletas em ruas e avenidas da cidade. A Prefeitura informou que iniciou obras de requalificação e que o programa não será desativado. Após a aplicação do novo asfalto, as ciclofaixas ganharão nova pintura.
Dos 503,6 km de infraestrutura cicloviária, 310 km passarão por obras. Além disso, o plano de metas do Município prevê a criação de 173 km de conexões entre ciclofaixas até 2020.
Quem utiliza a ciclofaixa da Rua Artur de Azevedo, em Pinheiros, na zona oeste da cidade, relata os riscos com a falta de sinalização.
O ciclista Luiz Felipe Silva dos Santos, de 25 anos, que utiliza a bike para realizar entregas para uma farmácia da região, precisou desviar de carros. Na segunda-feira, 9, muitos veículos estavam transitando pela faixa que havia sido asfaltada.
“Colocaram asfalto e apagaram a ciclofaixa. Na segunda, quando cheguei na Rua Artur de Azevedo, dividi espaço com os carros. Foi perigoso. Não havia cones e nem sinalização”, reclamou.
O Estado observou na terça-feira, 10, cones entre as Ruas Henrique Schaumann e Fradique Coutinho. Assim, mesmo sem a pintura, ciclistas conseguiram utilizar a ciclofaixa asfaltada.
No entanto, após esse trecho, sem cones e sinalização, carros invadiam a faixa recapeada.
A Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes (SMT), por meio da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), informou que iniciou obras de requalificação nas seguintes ciclofaixas da cidade de São Paulo:
Ciclofaixa George Corbisier – Jabaquara
Ciclofaixa Bosque da Saúde – Vila Mariana
Ciclofaixa Saúde e Aratãs – Vila Mariana
Ciclofaixa Jupatis – Jabaquara
Ciclofaixa Corifeu de Azevedo Marques a Lapa
Ciclofaixa Artur Azevedo – Pinheiros
Ciclofaixa Gomes de Carvalho – Pinheiros
Ciclofaixa Jaguaré (Rua Antônio S. Noschese) – Lapa
Ciclofaixa Alameda Nothmann – Centro
Ciclofaixa Parque Novo Mundo – Vila Guilherme
Ainda de acordo com a Prefeitura, a requalificação prevê raspagem do asfalto antigo e a aplicação de uma nova camada asfáltica.
“Após o recapeamento será implementada a nova sinalização, que prevê pintura em vermelho aplicada apenas na aproximação das travessias, proporcionando maior atenção dos ciclistas aos cruzamentos”, destacou em nota.
Segundo a Prefeitura, após pintura com o novo padrão de sinalização, serão instalados tachões a cada metro, para garantir mais segurança aos usuários.
Cobranças
Santos conta que observa diariamente problemas nas ciclofaixas. “No Alto de Pinheiros, há buracos e muitos estão com a pintura apagada. Além disso, algumas árvores invadem a via e batem em nossas cabeças. Há ainda locais que deveriam, mas ainda não têm ciclofaixas”, disse.
Atualmente, a cidade conta com 503,6 km de infraestrutura cicloviária.
Desse total, 310 km passarão por obras, conforme o plano de metas da prefeitura, que prevê ainda a criação de 173 km de conexões.
O pintor Israel Wallace, de 50 anos, frequenta a região há 16 anos e critica a ausência de sinalização.
Uma faixa informando a realização da obra na via foi colocada somente na terça-feira, 10. O recapeamento foi feito no domingo, 8.
“A mudança começou, mas ninguém informou com antecedência. Na segunda-feira, quem utiliza a ciclovia com frequência precisou andar entre os carros. A Prefeitura colocou cones na terça, mas dá para ver que alguns já foram derrubados pelos carros”, ressaltou.
O engenheiro Leopoldo Espírito Santo, de 58 anos, avalia que corredores como o da Faria Lima e da Berrini são bem estruturados. “Todas as ciclovias deveriam ser desta forma. Bem sinalizadas e com pouco contato com carros. O ciclista anda tranquilamente”, disse.
Questionada sobre a falta de aviso, a Prefeitura afirma que as vias que passam por requalificação de suas ciclofaixas recebem faixas informando sobre as melhorias em curso.
O consultor em mobilidade urbana e autor do Blog São Paulo na bike do Estadão, Alex Gomes, afirma que a Prefeitura também retirou o asfalto da ciclofaixa da Alameda Northmann, na região central.
“Muitas mães levam crianças de bicicleta nessa região para a creche. Faz alguns dias que passei pelo local. Sem sinalização e asfalto, o risco de queda é ainda maior. Desta forma, os ciclistas ficam desamparados”, avaliou.